“A situação exige que o povo eleja lideranças capazes, com experiência de governação e que cada um de nós eleitos, tenha consciência que cada um sozinho, cada partido sozinho, não vai conseguir reunir todos os valores, as experiências necessárias para este país ir para a frente”, disse José Ramos-Horta à Lusa.
“Os desafios económicos e sociais que vamos enfrentar este ano são grandes. Portanto Timor tem que ter cuidado, procurar a unidade e os partidos devem concentrar-se no programa para os próximos anos. Tem de haver uma grande concertação política estratégica nacional”, sublinhou.
José Ramos-Horta falava aos jornalistas depois de anunciar que as próximas eleições legislativas serão a 21 de maio, data, afirmou, que não responde nem aos apelos dos partidos que queriam um voto ainda mais cedo, nem aos que o queriam mais tarde.
“Recebi recomendações variadas, uns que fosse 12 de maio ou antes até e outros que queriam mais lá para fim de junho, julho. Provavelmente não agradei nem a uns nem a outros. Os que queriam logo na primeira semana de maio vão-me criticar e os que queriam mais tarde também. A uns e a outros peço desculpas por ser responsável por este pecado mortal”, disse, ironizando.
Questionado sobre a importância do voto, dado o avançar na idade da liderança mais velha e os vários desafios ao país, Ramos-Horta destacou a complexidade do processo de adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
“Não subestimemos a importância, complexidade e até digo gravidade da nossa adesão à ASEAN. Uma escolha nossa, que vem com enormes oportunidades, mas com muitas responsabilidades para mostrar a nossa seriedade, maturidade e competência governativa”, afirmou.
“Recebi o calendário de reuniões da ASEAN a partir de maio. Mais de 500 reuniões onde Timor-Leste já vai participar e não apenas estar lá sentado e ouvir. E a língua oficial da ASEAN é o inglês. E nem quero falar na substância e enorme diversidade dos assuntos”, disse.
Motivo pelo qual, insistiu, as lideranças partidárias devem procurar definir um programa claro de governação, explicá-lo bem aos eleitores e evitar apenas a troca de críticas mais acesas durante a campanha.
“Não se deve passar o tempo a criticar as governações anteriores. Sim, é preciso analisar o que foi feito, que erros foram cometidos. Mas espero que a campanha de todos os partidos seja marcada pelo respeito mútuo”, afirmou.
A Semana com Lusa