A denúncia foi publicada no site Radio Free Europe/Radio Liberty , que entrevistou "Margarita" (possível pseudónimo) e está agora nos órgãos da referência.
A entrevistada, que terminou a missão em Nizhniy Novgorod há dois meses, relatou que as mulheres estão a ser assediadas para se tornarem "esposas na frente de batalha". A designação, explica, não passa de um eufemismo para escravas sexuais dos soldados. Relatou o caso de Alina que não resistiu à pressão e foi oferecida a um oficial em setembro e depois sucessivamente repassada de mão em mão. Ou de Svetlana, que tinha telefonado ao marido a contar-lhe a situação, angustiada "porque temia voltar à casa grávida do seu oficial".
Quem recusar, explica Margarita, sofre as consequências, como as piores condições de vida, como ter de "dormir no chão na floresta" ou sofrer "acidentes" que depois são atribuídos aos inimigos ucranianos.
Sobre "baixas de guerra" fictícias, Margarita relatou que a profissional de saúde Svetlana teve de aceitar ser a "esposa na frente de batalha" de um oficial que a espancava quando se embebedava. A violência foi crescendo e certo dia ele alvejou-a. A mulher ficou paraplégica.
As autoridades "registaram o caso como uma baixa causada pelo inimigo" ucraniano.
"O oficial autoinfligiu-se um tiro na mão, para alegar que a tinha tentado proteger". Ele "esteve três semanas no hospital", mas Svetlana perdeu tudo.
Pesadelos, pânico, um "horror sem fim"
"Mesmo quando estou acompanhada e até ocupada, continuo a ver diante dos meus olhos a brutalidade, o abuso dos nossos oficiais contra as suas subordinadas".
Esta profissional de saúde — que regressou ao ativo depois de em 2017 passar à reserva ao fim de onze anos como soldado — refere que hoje as russas em missão na Ucrânia vivem um "horror sem fim". Perpetrado não pelo inimigo, mas pelos "heróis de Putin".
Fontes: NY Post/MSN/