Jacob Vicente fez esta afirmação quando convidado pelos jornalistas a reagir ao caso de um pai, em São Salvador do Mundo, que esta quinta-feira, 01 de Junho, que supostamente bateu na sua filha de cinco anos e esta não resistiu, acabando por falecer.
“É uma situação que revela claramente uma questão cultural de educar através de alguma carga de violência física, os pais baterem nos filhos quando acham que merecem um castigo”, afirmou, assegurando que a educação através da violência não tem nenhum efeito.
Segundo analisou trata-se de um caso que não deve ser interpretado isoladamente, pois a seu ver, é um produto daquilo que faz parte da cultura cabo-verdiana enquanto povo.
“Todos nós mais velhos levamos da parte dos nossos pais e este é um caso que infelizmente vem nos chamar a atenção para nos alertar que não é este o caminho. Claramente não duvidamos que este pai amava a filha, é um caso bastante isolado, infelizmente que aconteceu”, lamentou.
Por isso, reiterou a necessidade do investimento na reeducação social familiar e um espaço na comunicação social para fazer chegar as mensagens do tipo na casa das famílias.
Porque, reconheceu que os pais também precisam de apoios tanto psicológico como emocional, tendo justificado que um pai que estiver com algum equilíbrio psicológico e emocional vai preferir conversar, ter mais paciência e não vai bater no filho como forma de castigo.
“Costuma-se dizer que bater nas crianças se desse resultado todos nós hoje seríamos santos, bem-comportados, isto não leva a lado nenhum, então a crença social de que bater vai resolver alguma coisa, esta tese está a cair, e também enquadra dentro da violência baseada no género”, acrescentou.
No entanto, aconselha os pais a pedirem ajuda tendo em conta que hoje, em qualquer lugar, se pode constatar pais a gritarem com os filhos.
“Depois vamos ver qual a actividade diária deste pai ou da mãe. Muitas vezes levantam às cinco da manhã começam logo as actividades e só vão dormir por volta da meia noite. Ou seja, o nível de irritação dos pais, da fadiga, da ansiedade, de algum tipo de transtorno vai se desenvolvendo e nós temos o stress social completamente elevado em Cabo Verde”, frisou.
Citando a estatística de 2015, lembrou que Cabo Verde tinha 4,9 por cento (%) da população a viver com depressão, o que é um indicativo muito mau para as famílias, explicando que quando se faz o cruzamento deste dado com famílias monoparentais e o nível de desemprego no País a conclusão é bombástica.
A Semana com Inforpress
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