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REPORTAGEM/Santiago Norte: Mulheres rurais vêm na emigração uma porta para a melhoria da condição de vida 15 Outubro 2023

Grande parte das mulheres rurais, em Santiago Norte, vive da extração de inertes, do comércio informal, mas também nos campos agrícolas na época da “azágua”, uma vida que já não lhes apresenta segurança e pensam em emigrar.

REPORTAGEM/Santiago Norte: Mulheres rurais vêm na emigração uma porta para a melhoria da condição de vida

No Dia Internacional da Mulher Rural, assinalado este sábado, a Inforpress foi conhecer a história da Angela Borges e Dulcelina Gonçalves, também conhecida como Du, de 38 e 42 anos, respectivamente, que, assim como muitas mulheres do interior de Santiago, diariamente trabalham no mercado de Assomada, mas na época das chuvas fazem dias alternados entre o campo e a vida de rabidante.

Nascidas e criadas nesta vida, dizem sentir hoje a necessidade de dar um passo “mais adiante”, pois ambas têm três filhos e o sonho é dar uma vida melhor para os filhos, tendo como foco cortar o “legado” que tem sido passado de geração em geração, em que muitas enveredam pelo trabalho agrícola ou a vida de rabidante.

Um curso superior para os filhos ou uma formação profissional é o mínimo que querem dar aos filhos para ver se estes conseguem andar com os seus próprios pés.

Mas, conforme contaram, a vida que têm hoje, embora gratas a tudo isso, não lhes vai proporcionar esta oportunidade, porque, conforme explicaram, “a cada dia as coisas estão mais difíceis”.

“A produção agrícola está cada vez mais escassa, a água nem se fala, a chuva é imprevisível, o poder de compra está baixo e o preço dos produtos elevados e, muitas vezes, não têm escoamento porque os consumidores não conseguem comprar”, apontou Du, vendedeira natural de Santa Cruz.

Entretanto, diz não rebaixar a cabeça e manter sempre o foco, pois o intuito é dar um rumo melhor à vida dos filhos, nem que seja através da emigração, pois se hoje a situação está difícil, mais à frente o cenário tende a complicar-se.

“Nos anos em que a chuva é escassa, as dificuldades são maiores e este é o cenário que se repete no País, ano após ano, porque os consumidores não conseguem suportar o preço dos produtos”, disse, exemplificando com o preço de um quilograma de tomate que a quinhentos escudos actualmente.

Para Ângela, a situação não tem sido diferente, porque o “ganho é pouco” e a vida “não está a dar tréguas” diante de “tantas responsabilidades”.

“Há dias que consigo negócio para pagar depois, mas há dias que não consigo nada. Há dias em que consigo vender, há dias que fico mais no prejuízo”, enumerou, sublinhando que o que não se pode perder é a esperança e o sonho de um dia a situação melhorar.

Ambas desejam colocar o negócio num espaço próprio, mas vendo este sonho distante de se realizar, dizem optar pelas aventuras da emigração, pois, como evidenciou Angela, “a vida da emigração pode ser cansativa, mas o certo é que é possível trabalhar e ver a vida melhorar”.

Du também se monstrou decidida, realçando que é enquanto ainda consegue trabalhar que tem de “dar um outro rumo à vida”, e, com a sua força de vontade e movida pela sua fé, disse acreditar que a emigração é “a porta” que vai realizar o seu maior sonho que é ver os filhos numa vida diferente.

Entretanto, ambas se dizem cientes de que enquanto o processo não tiver um desfecho positivo, pretendem continuar com as lidas do dia-a-dia e manter o foco, pois o que não se pode é “deixar-se levar para o fundo do poço” devido à quantidade de desafios que a vida impõe- lhes.

E nesta mesma senda, pedem a todas as mulheres, independentemente da categoria social, para lutarem e alcançar os sonhos, pois “de mãos atadas nada colhemos”.

“Pode ser difícil, mas com esforço e a graça de Deus, tudo se encaminha”, finalizaram, defendendo que a fé é “um ingrediente crucial” que nunca pode faltar na vida de cada um.

O Dia Internacional da Mulher Rural foi implementado pela Assembleia Geral das Nações Unidas e é comemorado todos os anos no dia 15 de Outubro.

Tem como objectivo destacar o papel e a situação das mulheres das áreas rurais, ou seja, toda e qualquer pessoa do género feminino que viva e trabalhe numa área rural.

Entre as tarefas desempenhadas por elas encontram-se a produção, o processamento e a venda de produtos agrícolas. A estas somam-se os afazeres domésticos, cuidar da família e da comunidade sem qualquer tipo de remuneração.

Apesar de um conjunto de actividades que as mulheres rurais realizam, que contribui para a economia do País, elas continuam sendo as mais pobres, de acrodo com dados oficiais.

A população rural em Cabo Verde, e particularmente as mulheres em Santiago Norte, segundo os dados do último Recenseamento Geral da Agricultura, dedicam-se, maioritariamente, à agricultura de sequeiro. A Semana com Inforpress

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