"Estava na internet e apareceu um agente que me envou uma mensagem a dizer que podia ter 20 mil se vendesse o meu rim". Um rim por um iPhone de trinta contos, numa troca sobre a qual decerto ninguém o avisou sobre os perigos para a sua saúde, a sua vida.
Quase uma década depois, aos vinte e cinco anos, o chinês Wang Shangkun vive acamado depois de lhe falhar o rim esquerdo. Os pais desesperam com a certeza de que vão ser eles a enterrar o filho, com a vida destruída por uma má escolha na adolescência.
As condições precárias em que foi realizada a nefrectomia (extração do órgão renal), além da falta de cuidados pós-operatórios, levaram a uma infeção no único órgão renal que sobrou.
Quando os nove membros do gang, que incluía pessoal médico, foram apanhados e cinco deles condenados, o adolescente acamado nem pôde estar presente no julgamento em 2012.
Quanto ao iPhone4, na moda em 2011, seguiu o destino dos objetos da moda: de há muito saiu de moda. É a obsolescência programada em total funcionamento.
Benemerência rara
Em contraste com o caso, acima, que nos lembra que o tráfico de órgãos se tornou um hediondo comércio dos nossos dias — segundo a ONU é é a segunda prática criminosa mais lucrativa, a seguir ao tráfico de armas —, relembremos dois casos de benemerência, um ato raro e que revela o melhor do ser humano.
Um que envolveu dois imigrados na "América criola": Carlos doou um rim a Norberto (link abaixo) para o salvar.
Outro, o da vontade expressa por uma adolescente de doar os seus órgãos e que salvou um rapaz da mesma idade, catorze anos, que desde o nascimento esperava encontrar um doador de órgão (link abaixo).
Fontes: China Daily/Mirror Mail/Xinhua/Fox News. Relacionado: ’Avó, quero ser uma doadora de órgãos’ — Coração da Kate bate no peito do Alj, 27.out.020;Transplante de rim de Carlos para Norberto Tavares foi um êxito, 22.jul.2009. Foto(Getty): Wang Shangkun hoje depende da diálise e passa o seu tempo acamado.