O noticiário mundial estes dias está repleto de casos. O mais mediático é o de Harry, que na primeira terça-feira de novembro, dia 14, fez questão de "chamar o pai rei Carlos III para lhe desejar um feliz 75º aniversário".
O filho mais novo do rei e soberano sobre o mais extenso domínio mundial (que, notavelmente, abrange Europa, América do Norte, África, Oceania, ilhas nas Caraíbas e Pacífico Sul) quebrou o gelo — caraterizador não só do Meghanexit que os levou, primeiro ao Canadá, e depois a fixar-se, com a esposa e filhos, nos Estados Unidos, mas também do livro autobiográfico Spare— e voltou a falar com o pai.
Mediático é o também o caso duma modelo de projeção internacional e estrela da televisiva portuguesa. A "abandonada em criança Ana Sofia Martins fala do regresso da mãe à sua vida" é título em destaque na comunicação social de Portugal.
A atriz e apresentadora televisiva Ana Sofia Martins, de 36 anos, falou do papel da mãe que a abandonou bebé e de quem se aproximou já depois dos 30 anos: "Acho que nunca desisti desta ideia, não é de sermos mãe e filha mas de sermos amigas, talvez".
A ferida aberta na relação mãe-filha que perpassa toda a mediática exposição norte-americana da psicologia-como-espetáculo-televisivo — e que está por estes dias a ser abordada também em outros países do primeiro-mundo, esteve desde os anos de 1980 também na esfera mediática portuguesa através da narrativa da atriz Graça Lobo, nascida num palácio perto de Lisboa e filha única da foguense Lia Sacramento Monteiro e do coronel coimbrão Artur Leal Lobo da Costa trinta anos mais velho que a esposa, que chegou a ser Governador Civil de Leiria, Coimbra, Porto e Lisboa.
Graça Lobo, grande impulsionadora do teatro em Portugal desde os anos de 1970, falou com o showman Herman José sobre o motivo para precisar que os colegas lhe dissessem que estava linda antes de subir ao palco. A sua conhecida insegurança, segundo ela, era o resultado de comentários depreciativos da mãe, "uma crioula do Fogo, lindíssima” que lhe dizia “tão feìnha que és, minha filha”. uma desvalorização de que ela nunca se conseguiu libertar apesar dos bons colégios em Portugal e Reino unidos, da glamourosa etapa de hospedeira nos anos de 1965-70 e, depois da formação no conservatório, os sucessos como atriz.
A atriz, de 84 anos hoje, está doente e afastada dos holofotes. Desconhece-se se fez alguma reaproximação para curar essa ferida aberta na sua relação com a mãe.
Outro. Longe do foco mediático, o caso do senhor Irineu — a vida toda conhecido como parte "do casal sem filhos" muito amigo dos filhos dos amigos. Mas no dia do funeral, conhecidos do Irineu a vida toda, desde a ilha do Porto Grande e a sua matriz na ilha montanhosa, além dos seus domicílios durante mais de quarenta anos na diáspora, deparam-se com "o filho do Sr. Irineu". "É cópia do pai", dizem. Nem precisa de teste ADN, reforçam nesse fevereiro frio no último domicílio, nesse Benfica, da diáspora lisboeta. Que reaproximação teria sido possível, dado o facto de que, garantem as fontes, nunca houve encontro entre este pai e este filho?
Outro ainda affaire privado, o da Ilda que tentou reaproximar o pai e a mãe cuja separação se deu por imperativos familiares. O avô da Ilda adoeceu, o pai dela chamado pelas responsabilidades da família originária teve de regressar ao seu país. A mãe grávida foi aconselhada a permanecer na segurança da casa materna numa capital europeia até nascer a criança.
A intenção de juntar a família foi tentada pela mãe de Ilda, mas foi sol de pouca dura que não se realizou. Após uma breve estada no país paterno com a mãe a não se adaptar e a voltar ao país europeu, a ainda criança Ilda viu frustrado o desiderato de ter uma família com o pai e a mãe, como sempre quis.
A Ilda adolescente — mesmo com os pais a fazer vidas separadas, até com novo cônjuge cada um, com a distância a ajudar —volta à carga, faz nova tentativa, desta vez impulsionada pela família paterna.
A adolescente Ilda aproxima-se primeiro do pai, vai viver com ele no outro país. Daí tenta reaproximar os dois. Ambos cedem à filha e separam-se dos respetivos cônjuges. Mas há incompatibilidades que emergem ainda mais intensas. A reaproximação termina.
Oposto. Mediático também é o oposto à reaproximação. O ’divórcio filial’, por exemplo, protagonizado por Vivian Wilson, a filha trans do homem mais rico do mundo, Elon Musk.
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Fotos: No dia em que Sua Majestade fez anos, Carlos III "extremamente ocupado mas [que] é educado e ama o filho e os seus netos", segundo destaca a imprensa popular britânica, atendeu a chamada telefónica do filho mais novo. Harry, Meghan, Archie e Lilibet, de 4 e 2 anos, cantaram os parabéns a desejar feliz 75º aniversário ao pai e avô rei Carlos III. A atriz e apresentadora televisiva Ana Sofia Martins.