A visita do anterior monarca ao reino de Espanha, que chefiou durante 39 anos, dividiu o seu país. A direita e ultradireita festejaram-no, enquanto a esquerda no governo e a Casa Real — que chefiada pelo filho Felipe VI respirou de alívio em 2020 com o autoexílio do rei emérito nos Emirados, após uma sucessão de escândalos — gostariam que não tivesse sido o espectáculo que foi.
A imprensa espanhola da referência destaca a frieza que marcou a reunião dos dois, antes do almoço com Felipe, Letizia e a filha mais nova, a irmã de Juan e os filhos dela, mas sem a rainha Sofia que está com Covid. Onze horas esteve Juan Carlos em Madrid.
O editorial do El País fustiga quer "a permissividade que a direita e a extrema-direita exprimem para com o rei emérito", a qual "politiza a monarquia e divide a sociedade espanhola", quer o facto de o rei Felipe VI o ter recebido (a visita "culmina uma viagem desgraçada de Juan Carlos tanto a Espanha como, na verdade, ao passado de um país que quase já não existe").
O comunicado emitido pelo palácio da Zarzuela, sede da chefia de Estado, informa: "Felipe VI e Juan Carlos I (...) tiveram amplo tempo de conversa sobre questões familiares e distintos acontecimentos e as suas consequências na sociedade espanhola desde que o pai do rei decidiu mudar-se para Abu Dhabi".
Escândalos incluíram tanto a esfera sentimental como o abuso dos cofres do Estado, os multimilhões recebidos de sauditas como intermediário em assuntos de Estado. O escândalo que ditou a abdicação em 2014 deu-se em 2013 quando o Rei Juan Carlos ficou ferido durante um safari co-organizado por Corinna Larsen.
Esse foi sobretudo um escândalo ambientalista (como relembrado num "recente" noticiário: Ambientalista West Mathewson faleceu após ser atacado por duas leoas que criou 28.ago.020). O amante de caça selvagem Juan Carlos de Espanha foi "apanhado" numa prática controversa: os animais ainda filhotes são levados para uma área e ali são mantidos até à idade própria para se tornarem objeto de caça em safaris de custos astronómicos.
Exílio dourado
Angolana é a companhia aérea que transportou o rei emérito de e para o seu exílio dourado: Bestfly de jatos privados (foto do Gulfstream disponibilizado ao ex-monarca espanhol pelo emir de Abu Dhabi, o xeque Mohamed bin Zayed). A angolana Isabel dos Santos vive exilada na mesma cidade que Juan Carlos, enquanto "por motivos de saúde" vive exilado no Reino de Espanha o pai dela, e ex-presidente de Angola.
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Fontes: El País/El Mundo/... Relacionado: "Testa de ferro" Corinna Larsen leva Juan Carlos de Espanha ’aforado’ à justiça britânica, 31.jul.021; Crise no Reino de Espanha: Juan Carlos e 65 milhões de "presente de amor" a Corinna, 06.jul.020; Espanha: Tesouro pagou tesourinhos d’El Rey, 23.jul.020; Espanha: Exílio do rei que recebeu 100 ME de comissões dos sauditas, 04.ago.020; Emirados: Paradeiro de Juan Carlos confirmado,17.ago.020.Fotos: Rei emérito e navegador-velejador do ’Bribón/Malandrim’, "Don Juan Carlos despede-se de Sanxenxo com o V (de vitória) e um troféu sob o braço". O jato privado Gulfstream G450 (de até 16 lugares e 23,5 milhões USD) da angolana Bestfly.