Natural da ilha de Santiago, Paulo Robalo, de 48 anos, pai de três filhos, um já maior de idade e os outros dois menores, contou, em entrevista à Inforpress, que o seu maior desejo é ter um espaço próprio para desenvolver seu empreendimento independente sem perturbações, já que a cada hora está num sítio, como “galinha tonta”, ou seja, desassossegado.
Há 19 anos no Sal, disse que presta o serviço de limpar e enxugar externa e internamente automóveis, com dignidade, porque é o seu ganha-pão e, mediante estratégia, pode faturar bem neste setor.
Até porque, chegou a constituir empresa no ramo, mas, “infelizmente”, teve de desistir porque, lamentou, não conseguia arcar com as responsabilidades, nomeadamente de segurança social e finanças.
“Fui dar baixa na empresa deste pequeno negócio, justamente por não ter um lugar fixo para operar, pois, hoje estou aqui e amanhã acolá, o que não permite estar seguro financeiramente para suportar os compromissos fiscais e o INPS, por exemplo”, descreveu.
“Lavador de carro é uma profissão como outra qualquer, desde que exercida com dignidade. Não deve ser menosprezada. Somos patrões de nós mesmos e podemos, tendo condições, melhorar a nossa qualidade de vida e contribuir para a economia da ilha. Roubar é feio e inadmissível”, exteriorizou.
Assim, tendo em consideração que lavagem de carro é um ofício como outro qualquer, Paulo Robalo pede maior atenção e dignidade para com a classe profissional, lamentando o facto de, conforme conta, serem barrados na câmara municipal ao querer falar com um vereador, para expor o seu problema e procura de solução.
“Não nos ouvem, aliás nem querem saber… não vestimos fato, mas as aparências iludem. Nem sempre os que vestem facto têm carater, enquanto um coitado como eu, um lavador de carro, não é considerado. Diz um provérbio: faz sem ver a quem e serás ricamente abençoado”, exteriorizou.
Entretanto, atualmente, um tanto ou quanto tranquilo por o vereador do Saneamento, Fiscalização e Desenvolvimento do setor primário, Francisco Correia, lhe ter permitido alojar-se no antigo mercado de peixe, desativado e ao abandono, Paulo Robalo desejava, todavia, que se lhe arrumasse um espaço onde poderia ficar “definitivamente”, de modo a trabalhar sossegadamente.
“Agradeço ao senhor vereador por me ter disponibilizado este espaço… mas até quando ficarei aqui tranquilo a trabalhar?”, questionou, um tanto ou quanto apreensivo, na medida em que, conforme comenta, há alguém interessado na transformação do lugar num restaurante.
Por isso, mais uma vez, aproveitou a oportunidade para pedir aos responsáveis camarários que lhe cedam a parte traseira da infra-estrutura, para ali continuar a exercer a sua atividade.
Quanto mais não seja hoje, com formação em “car wash”, onde no final, recebeu o seu diploma e uma lavadora de alta pressão para facilitar a lavagem de automóveis, pois vem conquistando a freguesia.
Paulo Robalo pensa grande, ambicionando ter também, um dia, aspiradores profissionais que auxiliem o trabalho de limpeza interna do carro.
A Semana com Inforpress