Nigerinos continuam a morrer em fuga do país onde os militares se especializaram em golpes de Estado. Perante a inação ou ineficácia da comunidade internacional, a instabilidade política é cíclica e entretanto os migrantes continuam a fugir, a ser escravizados e ou expulsos da Líbia e Argélia do Norte.
Na partida ou no regresso ao Níger, trazidas de camião mas a maior parte a fazer a pé a travessia (literal) do deserto, centenas em cada leva não resistem aos rigores do Saara, mais um cemitério que se junta ao do mar mediterrânico África-Europa.
Demanda europeia
A antiga colónia francesa não tem resistido à grande demanda da Europa, seja através da desumana migração de pessoas seja através do narcotráfico que chega a seduzir até os homens do poder. Recente é o caso dum presidente autárquico do norte nigerino que rumava a Agadez, a região fronteiriça com a Argélia e Líbia, com uma carga de 199 pacotes de cocaína.
A patrulha policial que o abordou flagrou-o com perto de nove milhões de dólares (mais de 800 milhões CVE) de cocaína, segundo comunicou o OCRTIS-Escritório Central Nigerino para a Repressão de Tráfico Ilegal de Narcóticos.
O Níger tornou-se, como outros países da costa ocidental africana, um dos pontos de passagem de narcotráfico entre a América do Sul e a Europa. Dois meses antes, o OCRTIS comunicou a apreensão de 17 toneladas de resina de canábis, no valor de trinta e sete milhões de dólares (mais de três milhões de contos). O coordenador da Interpol para a região acredita que os barões do narcotráfico estão a utilizar a rota marítima oeste-africana.
Fontes: Le Monde/CBS News/... Relacionado: Europa em grande demanda de narcóticos: 200 kg cocaína transportados por autarca do Níger em viatura oficial. 09.jan.022; 25 mil expulsos da Argélia, grande maioria atravessa deserto a pé até Níger. 11.jan.019.