Ao longo dos dois meses da guerra, parece consensual que a Rússia recorre à retórica para transferir responsabilidades enquanto realiza bombardeamentos contínuos — mesmo por entre acordos de cessar-fogo (temporário que fosse).
A prova está no que desde há mais de seis semanas acontece na cidade marítima de Mariupol, no sul da Ucrânia.
A cidade mártir tem resistido. Até hoje quando o mundo soube de uma possível rendição anunciada pelo Kremlin: "Mariupol, na área da metalúrgica Ilyich (…). 1.026 militares ucranianos da 36.ª brigada de infantaria da Marinha depuseram voluntariamente as armas e renderam-se".
A factualidade do comunicado esteve em suspenso por algumas horas. Poucos órgãos avançaram com a sua divulgação. Até há minutos.
O presidente Zelensky comunicou, pouco depois do meio-dia em Cabo Verde, que "12 mil habitantes tinham sido impedidos de deixar a cidade".
Lacónico, o discurso do presidente ucraniano leva a ler nas entrelinhas.
Fontes: Interfax/Times of Israel/Haaretz. Relacionado: Rússia violou cessar-fogo em Mariupol — Milhares impedidos de sair para países de refúgio, 05.mar.022. Foto: Escombros da guerra.