«Todos nós sabemos que a taxa de mortalidade dos doentes com insuficiência renal crónica é elevada. Infelizmente, temos que aceitar, com naturalidade, que ocorram alguns óbitos. Contudo, não podemos aceitar que os funerais sejam realizados em condições indignas. É isso que tem estado a acontecer com algumas vítimas dessa doença», criticou.
Segundo Alcides Graça, o INPS garante apenas a viagem para Praia, subsídio de estadia e comparticipação no funeral. «A transladação do corpo é da responsabilidade da família do doente. E quem não tiver condições para fazer a transladação do corpo, o funeral do seu ente querido vai ocorrer longe da sua família e em condições indignas. Muitas vezes são enterrados como se indigentes se tratassem, sem o acompanhamento familiar até à sua última morada», denunciou, defendendo que o Ministério da Saúde e o INPS devem procurar uma solução que garanta o funeral dos óbitos ocorridos durante o tratamento dos doentes com insuficiência renal, na sua ilha de origem. «É o mínimo que se pode exigir. É uma questão de dignidade humana», realçou.
Atraso nas obras do Centro da Hemodiálise
O líder regional da formação tambarina faz que questão de contextualizar que tudo isso está a acontecer, porque o Centro de Hemodiálise de Mindelo, prometido pelo Governo para 2018, depois para o primeiro trimestre de 2019, e até agora nada. «E sabemos que se trata de uma infra-estrutura hospitalar de grande importância para o norte do país, uma vez que a maioria dos doentes, cerca de 63, é do norte do País, particularmente de São Vicente e Santo Antão. Portanto, a urgência na construção do Centro de Hemodiálise do Mindelo, justifica-se não só pela situação degradante em que vivem alguns doentes, designadamente aqueles que não são assistidos pela Previdência Social, como também para garantir, em caso de óbito, um funeral com a dignidade que um ser humano merece. No ritmo que as obras decorrem, seguramente que o Centro não ficará concluído este ano, com todas as consequências inerentes para os doentes do Norte do País», contestou.
A par dos problemas referidos, Alcides Graça alerta que é consensual que o afastamento familiar – evacuação das pessoas da região de barlavento para Praia - provoca « uma disrupção em relação à vida social, profissional e emotiva do doente», provocando uma grande instabilidade na sua vida.