Segundo o conferencista, o SISCAP tomou o conhecimento de algumas démarches desencadeadas pelo CA da Emprofac, mas as limitadas informações da anunciada privatização da empresa o levou a contactar o Governo, enquanto representante do acionista, para mais e melhores informações sobre o processo.
“Do contacto com o Governo realizado no passado dia 8 de fevereiro, mais concretamente com o Sr. Secretário de Estado das Finanças ( SEF) mandatado pelo Sr. Vice Primeiro Ministro e Ministro das Finanças, obtivemos a promessa e o compromisso que, da privatização da Emprofac, uma empresa pujante e sólida ao longo dos anos, não vai resultar nenhuma perda de postos de trabalho. Muito pelo contrário, a internacionalização da empresa que se pretende com a privatização, vai gerar mais postos de trabalho e tornar a empresa ainda mais sustentável”, informou.
No entanto, conforme disse, embora considerando a palavra, a promessa e o compromisso do Governo, como pessoa de bem e representante do acionista Estado, diga-se, do Povo de Cabo Verde, a angústia dos Trabalhadores continua a falar mais alto, não só por conhecerem um histórico de privatizações mal sucedidas, mas também pelo facto de já poderem evidenciar que o volume das vendas já começou a cair de forma preocupante, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano.
“É que, não se pode com coerência e com honestidade afirmar e defender que, a entrada de uma nova entidade, constituída por cerca de 80% das farmácias nacionais, que passam a importar diretamente e a distribuir a mais de 60% do mercado nacional, não vai afetar os resultados e a sustentabilidade da Emprofac”, destacou.
Eliseu Tavares salientou que não se pode afirmar e defender que há e haverá uma sã concorrência neste mercado nacional de medicamentos, se à Emprofac está vedada neste momento de, em igualdade de circunstâncias, colocar no mercado, através de farmácias próprias, os seus medicamentos.
“Mais. Do ponto de vista dos Trabalhadores e corroborado também pelo SISCAP, o Governo andou muito mal, enquanto acionista e representante do dono da Emprofac, ao não defender os interesses da Emprofac, dos Trabalhadores e da Sociedade. Isto por ter ignorado todos os pareceres técnicos emitidos por entidades competentes e credíveis, que confirmam o monopólio do Estado no quesito de importação e distribuição grossista de medicamentos, através da Emprofac; Ter permitido que, nestes termos, ou seja, ilegalmente, a ERIS ter licenciado um player privado para esta atividade de importação, em contramão com as leis vigentes”, pontuou.
Desatacou ainda o a facto de o governo “não criar as condições, não preparar a Emprofac para disputar o mercado em igualdade de circunstância com uma outra entidade, ficando apenas com cerca de 20% do mercado; Ter reservado para a Emprofac, apenas o mercado constituído pelo setor público, um setor que já se sabe paga, mas com muito atraso; Ter decretado que a dívida de cerca de quinhentos milhões de escudos do Estado a favor da Emprofac, vai ser paga em parcelas e por cinco anos, o que vai afetar diretamente a tesouraria da Emprofac, neste ambiente de concorrência imprópria e desleal”, alertou Eliseu Tavares.