O sistema do transporte marítimo é inevitavelmente importantíssimo para o movimento de passageiros e de cargas, por conseguinte de extrema magnitude para a economia de Cabo Verde, havendo uma relação direta entre o crescimento económico e a procura por esse serviço de transporte, com destaque para os investidores.
O setor do transporte marítimo é responsável por 80% do comércio global em volume, e mais de 70%, em valor, não podendo assim ser subestimado.
As intensas transações comerciais entre as ilhas do País só são viabilizadas com o serviço dos transportes marítimos, regular, eficiente, de qualidade, seguro, organizado e previsível para atender às demandas dos passageiros e comerciantes, isto é do povo cabo-verdiano.
Em fevereiro de 2019 o Governo de Cabo Verde e a Transinsular assinaram um contrato de concessão dos serviços transportes marítimos, para transporte de cargas e passageiros. O acordo tem a duração de 20 anos e estabelece a criação de uma empresa nova, com 51% do capital detido pela Transinsular, mas com a participação de armadores cabo-verdianos. Iremos permanecer vinte anos na angústia e no desespero.
O documento assinado diz mais, a ligação entre as ilhas deveria começar a ser feita por cinco (5) navios e a empresa teria um capital social de 500 mil euros, para assegurar o transporte de carga e passageiros entre as ilhas do arquipélago.
O acordo em segredo do Governo e para os cabo-verdianos, os associados da máquina do Estado, onde o Governo é o gestor e deve prestar contas a estes associados (povo), ser transparente, priorizar a verdade e fomentar boas práticas, não trouxe até hoje melhorias e esperanças às gentes das ilhas atlânticas.
Este contrato tem sido um atropelo à lei cabo-verdiana, que assenta no incumprimento das normas e dos artigos que compõem o contrato, de ambas as partes envolventes no acordo.
Não dispomos de barcos a circularem pelas águas de Cabo Verde, não temos os cinco navios, ligações com regularidade e nem tão pouco a esperança dada pelo governante, que está a frente do setor do Mar.
O negócio entre o Governo e a Transinsular foi um enorme estenderete, com um alto esbardalhanço. Como não bastasse, o Ministro do Mar anunciou em voz poética e populista no Parlamento em março deste ano, que havia fumo branco na janela de entendimento entre o Governo e a concessionária para um novo contrato de concessão.
Acrescentou o nosso Ministro do Mar, em estilo filosófico, que já há financiamento para o plano B, desenhado e escrito por este Governo, que irá dotar Cabo Verde com aquilo que sempre lhe faltou. E continua a faltar como nunca. Que decepção! Abraão Vicente garantiu-nos infraestruturas, barcos e mais barcos. Hoje, o cenário é desastroso. Estamos sem navios e com o rosto do Governante, Vicente, alapado nas carcaças das velhas embarcações que este Governo oferece-nos como soluções do gigante problema no sistema marítimo do País.
Enquanto barcos e mais barcos não chegam em Cabo Verde e o silêncio do Abraão Vicente perdurar, aguardamos por mais um espectáculo do ator e cinematográfico, Ministro do Mar no Parlamento na próxima sessão de filme. Que infraestruturas são essas, sociólogo Abraão Vicente?
O Ministro da Inteligência ao invés de reconhecer a sua incompetência perante esta matéria, dedica-se em escrever contos de fadas para tentar adoçar os ouvidos dos cabo-verdianos com discursos que ferem a Lei Constitucional.
Já em abril, a única certeza que temos é que foi mais um discurso do homem que nada tem feito e acrescentado na melhoria dos transportes marítimos de Cabo Verde.
O Ministro Abraão Vicente realmente conseguiu concretizar o seu Plano B para os transportes marítimos. Zero navios na ligação entre as ilhas. Não necessitamos de discursos, queremos, sim, ação, navios na circulação entre as nossas ilhas.
Senhor Abraão Vicente, por favor peça a sua demissão como Ministro do Mar. Solicite isso ao Primeiro-ministro de Cabo Verde, o Ministério de Oratória!. Está a fazer mal ao País enquanto responsável da pasta dos transportes marítimos de Cabo Verde.Senhor Abraão Vicente não é de gritos da Sua Excelência no Parlamento que ambicionamos como respostas às inquietações identificadas no serviço de ligação marítima. Não precisamos do senhor Ministro em tik tok ou em lives no Facebook "poetizando" lindas frases ou mensagens. O País não cresce e nem se desenvolve com as suas profecias.
Um cidadão que não cumpre com a lei é punido. Isto devia-se aplicar aos governantes incumpridores que fazem discursos populistas, tentando ludibriar o povo de Cabo Verde, meramente pela causa do poder.
O serviço dos transportes marítimos não precisa de espetáculos do Ministro do Mar na casa Parlamentar, nem de shows do mesmo Ministro na comunicação social e nem nas redes sociais. Necessita sim da identificação e resolução do problema.
O Ministro Abraão Vicente está mais para ser diretor de um grupo teatral do que um Ministro da República de Cabo Verde. Dava jeito na orquestra nacional de Cabo Verde.
Precisamos de homens capazes de reconhecer o erro e consertar o próprio erro, e não de buscar erros do passado para colocar no presente. Quem estuda o tempo é a história. Se o Ministro Abraão Vicente quer ser historiador que dê lugar a quem seja mais capaz, disponível para ajudar na resolução dos problemas dos transportes em Cabo Verde.
As ilhas do norte, de barlavento, em particular de São Nicolau, vêm sendo sufocadas pela má gestão deste setor.A Dona TUTUTA fazia a ligação de Santiago com as ilhas do norte duas vezes por semana, no entanto devido ao conflito existente entre a concessionária e o Governo, este navio foi deslocado para fazer ligações entre Santiago e as ilhas do sul. Esta linha ficou com direito de ligação duas vezes por semana. Isto é, Santiago, Brava, Fogo e Maio têm conectividade duas vezes por semana por um barco destinado para fazer a ligação entre Santiago e as ilhas de Boavista, Sal, São Nicolau e São Vicente. Portanto, as ilhas de Barlavento foram sacrificadas.
Lembro-me também, no tempo de kriola e Liberdadi, aconteceu o mesmo. Quando o navio Kriola ficou avariado retiraram a Liberdadi do norte e colocaram no sul. Tenho para mim que as ilhas preferidas dos sucessivos governos de Cabo Verde estão no grupo do sul, sotavento.Aqui não se refere a bairrismo, mas sim, constatação de uma verdade nua e crua.
Por mais absurdo que pareça, os deputados que representam as ilhas de Barlavento aplaudem atitudes e comportamentos dos desgovernos de Cabo Verde. É essa a política de um País harmonioso que promete felicidade aos cabo-verdianos.
Este Governo durante estes sete anos de governação simplesmente vem alimentando a esperança dos cidadãos com discursos.
Com discursos e pelos discursos, as ilhas estão isoladas e abandonas, eis o “slogan” do MpD.