Em conversa com o jornal Asemana, os vendedores do Mercado Municipal dos Espargos, ilha do Sal, foram unânimes em afirmar que este ano as coisas estão mais difíceis comparativamente ao ano passado, não só por causa da pandemia do novo coronavírus, mas também pela “concorrência desleal” da venda ambulante.
Maísa Moreira, vendedeira de peixe há vários anos, natural da ilha de Santiago, queixa-se da fraca venda, uma vez que, segundo a fonte, são desafiados diariamente pelos vendedores ambulantes em carrinhos de mão, e outras viaturas que costumam vender com preços muito mais baixos.
“O movimento está muito fraco. Tem dias que eu não consigo vender nada. Acredito que se todas as pessoas estivessem no mercado todos nós conseguíamos vender algo. Agora, se há pessoas na rua a vender os mesmos produtos com um preço muito mais baixo é claro que ninguém virá ao mercado”, reiterou.
Maísa Moreira, a única vendedeira de peixe que o jornal encontrou no local, questiona ainda o porquê de tantas bancadas vazias já que muitas pessoas vendem peixes na rua. “Não vejo razão para as pessoas estarem na rua já que ainda tem muitos espaços vazios aqui. Isso só prejudica quem está aqui”, salientou indignada.
Segundo esta peixeira, que tinha no balde os peixes Bidion e Garoupa, muitas vezes o dinheiro ganho é gasto na compra de gelo para a conservação dos peixes. “Não costumo vender nem metade daquilo que compro nos pescadores”, avançou.
Também Maria Teresa, vendedeira de verdura, disse à reportagem do Asemana que já tem muitos dias sem vender nada. “Quase todos os dias eu tenho que jogar algo fora porque aqui na ilha do Sal as pessoas não têm o hábito de irem ao mercado. Estamos a tentar sobreviver”, revelou.
Na bancada da Quinta, como também é conhecida a Maria Teresa, podia-se encontrar de tudo um pouco, desde papaia, salsa, cebola, pimentão, tomate, banana, entre outros produtos hortícolas.
Já Fernando Jorge Tavares, vendedor de carne, revelou que o rendimento é baixo e as despesas são muitas. “As dificuldades são grandes. A venda está muito fraca, principalmente com esta pandemia”, realçou.
Fernando Tavares acredita que a falta de dinheiro e trabalho por conta da pandemia de covid-19 está na base da pouca procura dos produtos.
Ambas as fontes são unânimes quando pedem uma maior fiscalização por parte da Câmara Municipal, para esta situação.
Contrariamente às vendedeiras Maísa Moreira e Maria Teresa que disseram que no início da pandemia receberam 10 mil escudos, Fernando Tavares, revelou à reportagem do Asemana não ter recebido apoio algum do Governo para minimizar as dificuldades resultantes da crise pandémica que está no país e no mundo.
LC- Redação