Para justificar as deliberações, Alberto Nunes disse que as mesmas não estão relacionadas com o anúncio da disponibilidade do vereador em participar da sondagem para escolha de candidatos, recordando que desde 2012 o actual presidente da Assembleia Municipal, Luís Alves, sempre participou das sondagens, mas que durante os sete anos tem tido um “óptimo relacionamento”, apesar de algum desentendimento.
“Se não cortei as relações com o Luís Alves porque hei de fazê-lo com o vereador Carlos Rodrigues por ter anunciado a sua disponibilidade para presidência da câmara”, questiona o edil, acrescentando que nunca perseguiu funcionários de outras forças políticas que encontrou na câmara porque respeita a opção política e liberdade de todos.
“Carlos Rodrigues foi um indivíduo em quem acreditei desde 2016, apesar de não ser o segundo da lista em 2016 e 2020. Na minha ausência, no País e no exterior, nomeei-o como meu substituto porque tinha toda a confiança nele”, afirmou Alberto Nunes, sublinhando que existe “um grupinho” muito bem identificado que está a empurrá-lo para se candidatar.
Este “grupinho”, explicitou Alberto Nunes, pretende algo “imoral, ilegal e que lesa os princípios da democracia” com a qual ele não compactua e, por isso, querem apadrinhar a candidatura do vereador para atingir os seus objectivos.
Isso, continou, mesmo sabendo que é “imoral e ilegal”, defendendo que por causa da sua “cultura política” fundada nos estudos e nas leis e devido a um conjunto de princípios e valores que defende, às vezes, é obrigado a “pagar por alguma coisa”.
Alberto Nunes defendeu ainda que quem mudou na forma de relacionamento é o vereador, facto que ocorreu mesmo antes de anunciar a sua disponibilidade, lembrando que antes “todas as coisas eram feitas em nome da câmara e da equipa”, acusando o vereador de mudar do discurso e tudo que é positivo é graças a sua pessoa e tudo que é negativo é da responsabilidade da câmara e do seu presidente.
O edil avançou que foi alertado pela sociedade civil do comportamento do vereador, lembrando que podia tomar medida logo após o anúncio, mas não foi o caso e teve de ponderar durante dois meses, realizando um conjunto de trabalho de terreno, ouvindo as pessoas e pedindo conselhos de políticos mais experientes para encontrar a melhor forma de actuar.
“Ele era a minha mão direita, mas a partir do momento que começou a fazer um trabalho para promover a sua pessoa e a prejudicar a câmara e a equipa, as relações beliscaram e há perda de confiança e lealdade”, defendeu Alberto Nunes, adiantando que foram retiradas as pastas que utilizavam para se autopromover, classificando que foi uma “decisão consciente, inteligente” e que qualquer político na sua situação faria o mesmo.
Alberto Nunes reconheceu que chegou a anunciar que faria dois mandatos, mas neste momento, explicitou, “há um apelo da população de Santa Catarina a exigir a recandidatura a um terceiro mandato dado o desempenho do presidente e da sua equipa”.
Face a este apelou, referiu, não pode e nem poderá abandonar o município que está em constante desenvolvimento porque prometera apenas dois mandatos, acrescentando que o vereador Carlos Rodrigues sempre manifestou de que só seria candidato se ele, Alberto Nunes, não fosse candidato.
Questionado se com este desentendimento o MpD não corre o risco de perda a câmara nas próximas eleições, Alberto Nunes admitiu que agora há um “grupinho com ganância de poder”, adiantando que já em 2020, veio a saber posteriormente, um elemento do seu gabinete e o vereador tinham criado grupo para lhe derrubar em 2020.
Com relação à “ganância desenfreada para chegar ao poder”, Alberto Nunes foi confrontado com a acusação da parte do vereador nesta perspectiva.
No seu caso, lembrou que não há limitação de mandatos a nível de autarquias e só está disponível para se candidatar a um terceiro mandato porque há uma vontade expressa da maioria da população de Santa Catarina do Fogo que quer que ele continue a trabalhar para o desenvolvimento do município, como de resto fez de forma “incansavelmente” ainda antes de assumir a presidência.
Alberto Nunes afirmou que “não é por incompetência profissional que retira as pastas ao vereador, mas por quebra de confiança e lealdade” e por isso não pode deixá-lo com um conjunto de instrumentos para prejudicar a equipa e o município e promover a sua própria pessoa, sublinhando que não há “ditadura” nenhuma nem na retirada das pastas nem na suspensão do uso da viatura, já que o mesmo não direito a uso de viatura.
Por outro lado, disse que nunca equacionou a sua desprofissionalização, não por temer levar qualquer proposta para a Assembleia Municipal, mas por considerar não uma medida adequada.
Além das medidas anunciadas, Alberto Nunes disse que doravante o vereador Carlos Rodrigues, que desde 2016 era o meu substituto, deixa de o ser a partir de agora.
A Semana com Inforpress