Os moradores mais idosos desta localidade afirmam que esta tradição, com o andar dos anos, tende a cair no esquecimento dos mais jovens.

Rosa Chantre, natural da localidade de Fontainhas, mas actualmente residente na Ponta do Sol, disse à Inforpress que aprendeu a fazer fongo ainda criança.

Segundo a mesma, a tradição do fongo foi passado de geração em geração, mas actualmente, reconhece que os mais jovens “não querem aprender”.

“As pessoas que confeccionavam o fongo, antigamente, já estão idosas e outras até já faleceram e é uma pena que esta nova geração não tenha interesse em aprender”, lamentou.

“É uma tradição antiga e gostaria que a mesma não morresse”, manifestou.

A receita seguida por Rosa Chantre para a confecção do fongo exige apenas ingredientes disponíveis localmente, como farinha de milho e de mandioca, banana madura, batata-doce e açúcar. Depois, explicou Rosa Chantre, é só misturar tudo, até conseguir uma massa homogénea, enrolar numa folha de bananeira e… assar.

“Antigamente, fazia-se um buraco no chão, onde eram colocados os fongos, protegidos por folhas de bananeira, punha-se lenha por cima do produto e ficava lá até assar. Mas hoje há que assá-lo em fogão normal”, salientou.

Para tentar reverter a perda desta antiga tradição gastronómica, uma das muitas ligadas à Páscoa, a mesma fonte afirmou que a Associação de Desenvolvimento Integrado de Fontainhas (Adi Fontainhas) está a “tentar” resgatar esta tradição.

Se em Fontainhas os jovens não têm interesse em levar avante a tradição do fongo da Páscoa, na localidade de Lagoa do Planalto Leste há um jovem empreendedor, Nilton Monteiro, que aproveita esta época para fazer negócio com o fongo e ganhar algum dinheiro.

Em declarações à Inforpress, Nilton Monteiro disse que há vários anos aprendeu a fazer fongos com os seus pais e, com o tempo, foi aperfeiçoando a receita e várias técnicas que aprendeu em diversas localidades da ilha de Santo Antão, nomeadamente, em Fontaínhas, Lagoa, Tarrafal de Monte Trigo e Figueiras.

Com o passar dos anos, admitiu Nilton Monteiro, a sua receita “ganhou fama” e viu uma oportunidade de negócio nesta época.

“Cada ano, ganho mais clientes que gostam da minha receita de fongo”, afirmou.

Quanto à receita, Nilton Monteiro não abre o jogo. Disse que a guarda a “sete chaves” porque, recordou, “o segredo é a alma do negócio”.

“As técnicas de confecção e o tamanho do fongo são basicamente os mesmos das outras localidades da ilha, mas há um segredo importante que faz com que a minha receita seja especial e isso não digo a ninguém”, concluiu Nilton Monteiro. A Semana com Inforpress