Nha Djodja, morava sozinha numa casa coberta de palha com o piso de terra batida, sem casa de banho e electricidade, mas graças ao projecto Zé Luís Solidário, a idosa foi presenteada no dia do seu aniversário com a moradia dos sonhos, ou seja, uma casa com condições dignas de habitabilidade.
A alegria estava estampada no rosto desta mulher que depois de “muita luta” e de ter desistido de morar com dignidade, hoje afirmou que vai dormir sem se preocupar “se chove ou se faz frio”.
“Sinto-me muito bem, agora sei que caso chover os pingos já não caem em cima da minha cabeça. Procurei muitas vezes por ajuda na Câmara Municipal da Ribeira Grande, mas disseram-me que não tinham recurso comigo” relembrou.
A história de Nha Djodja, chegou ao conhecimento do promotor do Projecto Zé Luís Solidário, através de um emigrante santantonense radicado nos Estados Unidos que já conhecia a situação da idosa.
Conforme José Luís Martins, a casa de Nha Djodja não tinha “condições” de ser remodelada e teria que ser feita de raiz.
Com isso, prossegui a mesma fonte, através de uma parceria com a edilidade local, começaram a fazer a casa de raiz, mas depois, segundo o promotor do Projecto Zé Luís Solidário, a edilidade não “honrou” com a sua parte deixando tudo nas mãos do projecto.
“A única explicação que a autarquia ribeira-grandense nos deu é que estava falida. Como é possível se eles nos deram alguns materiais para construir a casa como blocos, ferro, areia, o projecto da casa e depois nos disseram para concluir a obra porque a câmara está falida” salientou.
Outrossim, José Luís Martins sublinhou que a casa da idosa ficou sem electricidade porque o presidente da CMRG, Orlando Delgado, “negou” assinar os documentos.
“O presidente da CMRG, é mentiroso porque prometeu fazer a obra da casa de Nha Djodja em parceria com o projecto Zé Luís Solidário e abandou-nos. Enfim não quero polémicas com a edilidade até porque o projecto está aqui para colaborar com a câmara” sublinhou.
Por sua vez, o presidente da CMRG, Orlando Delgado, garantiu que em relação ao projecto, a edilidade “abraçou” o mesmo desde o primeiro momento.
“A câmara tem um fim social e à semelhança desse e outros projectos a questão da habitação é para nós caro, e por isso, temos a plena consciência que a autarquia sozinha não consegue resolver os problemas do concelho. Mas, havendo parceiro, estamos sempre na linha da frente para apoiar as famílias” sublinhou.
Orlando Delgado garantiu que quanto ao projecto da casa de Nha Djodja, a edilidade teve um engajamento “total”, tendo elaborado o projecto, definiram e começaram os trabalhos bem como a disponibilização de todos os materiais para a construção da casa.
Outrossim, a mesma fonte avançou que deitaram a casa a baixo e iniciaram os trabalhos e salientou que todos os materiais para a construção da casa foram financiados pela CMRG até o momento da cobertura da casa.
“No momento da cobertura da casa, apresentaram ao gabinete técnico duas facturas que era de telhas e também de madeira, e na altura dissemos que de imediato não era possível comprar logo todos esses materiais porque também tínhamos outros compromissos. E teriam que aguardar um pouco mais para mobilizarmos os recursos para comprar esses materiais” explicou.
Orlando Delgado foi categórico e afirmou que “nunca” falou com o mentor do projecto Zé Luís Solidário, em “momento nenhum”, pese embora uma vez em que o mesmo esteve no gabinete do presidente onde felicitou o mesmo pelas acções tidas no concelho, nomeadamente na zona de Chã de Pedra.
Por isso, o edil ribeira-grandense alegou que estranhou a “atitude” do mentor com palavras a respeito do presidente que “não aceita de forma nenhuma”.
“Temos o princípio de respeitar a todos, por isso decidimos também avançar com uma queixa-crime contra esse senhor, pois ninguém está impune perante a lei. As verdades devem ser ditas e não podemos aceitar essa falta de respeito da parte desse senhor, que falta com a verdade, pois a câmara sempre esteve e continuara disponível para participar em todos os momentos”, finalizou.
Santo Antão é a segunda ilha mais ajudada pelo Projecto Zé Luís Solidário, a seguir ao Fogo, nas várias vertentes sociais, nomeadamente, educação, saúde, alimentação e habitação.
O projecto nasceu de forma espontânea, na sequência da pandemia da covid-19, para ajudar as famílias cabo-verdianas que precisavam de apoios durante o período do estado de emergência.
A Semana com Inforpress