Em declaração à imprensa, o representante da organização, Carlos Bartolomeu, disse que ficou “satisfeito” com a presença das pessoas que puderam participar.
“Uma ilha como Santo Antão, com três municípios onde temos bastantes dificuldades de acesso e transporte, muitas vezes quando temos manifestações desse tipo não é possível ter muitas pessoas” afirmou.
Mas, mesmo assim, Carlos Bartolomeu elucidou que as pessoas que participaram deram mais “coragem” de lutar e que Amadeu Oliveira “não está só”.
E neste sentido, o membro da organização acentuou que “valeu a pena” ter realizado a manifestação, e garantiu que posteriormente a organização vai realizar outra manifestação. É que, no seu entender, é “muito” importante que Amadeu Oliveira sinta que o povo de Santo Antão está com ele.
Quanto aos familiares de Autelino Correia que repudiaram a manifestação solidária a favor de Amadeu Oliveira, Carlos Bartolomeu pediu “compreensão” a esses familiares.
“Organizamos uma manifestação para solidarizar com a situação de Amadeu Oliveira que nós conhecemos. Trata-se de um filho da Ribeira Grande, ele tem uma grande relação com os ribeira-grandenses. Pedimos a esta família para compreender que a nossa manifestação em momento algum está a manifestar contra a situação da justiça em relação ao jovem que faleceu” esclareceu.
O advogado Amadeu Oliveira está acusado de um crime de atentado contra o Estado de Direito, um crime de coacção ou perturbação do funcionamento de Órgão Constitucional e dois crimes de ofensa a pessoa colectiva.
Foi detido no dia 18 de Julho de 2021 e, dois dias após a detenção, o Tribunal da Relação do Barlavento, sediado em São Vicente, aplicou a prisão preventiva ao então deputado nacional eleito nas listas da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) pelo círculo eleitoral de São Vicente.
No dia 14 de Fevereiro, como resultado de uma Audiência Preliminar Contraditória, Amadeu Oliveira foi pronunciado nos crimes que vinha acusado e reconduzido à Cadeia Central de São Vicente onde continua em prisão preventiva.
Em 29 de Julho, a Assembleia Nacional aprovou, por maioria, em voto secreto, a suspensão de mandato do deputado, pedida em três processos distintos pela Procuradoria-Geral da República (PGR), para o poder levar a julgamento.
Em causa estão várias acusações que fez contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça e a fuga do País do condenado inicialmente a 11 anos de prisão por homicídio – pena depois revista para nove anos – Arlindo Teixeira, em Junho do ano passado, com destino a Lisboa, tendo depois seguido para França, onde está há vários anos emigrado.
Arlindo Teixeira era constituinte de Amadeu Oliveira, forte contestatário do sistema de Justiça cabo-verdiano, num processo que este considerou ser “fraudulento”, “manipulado” e com “falsificação de provas”.
Amadeu Oliveira assumiu publicamente, no parlamento, que planeou e concretizou a fuga do condenado, de quem era advogado de defesa, num caso que lhe valeu várias críticas públicas. A Semana com Inforpress