Em conferência de imprensa, em Santo Antão, o vice-presidente da UCID, José Graça, explicou que o acesso ao financiamento por parte dos operadores “tem sido difícil face às elevadas taxas de juros” praticadas pelos bancos comerciais, o que “do ponto de vista” deste partido “não está virado para financiamento do sector industrial” do país.

Os agricultores, segundo José Graça, queixam-se das “escassas condições de acesso ao crédito disponibilizado pelo Governo, da burocracia bem como do real impacto do programa de subvenções”.

“Várias vezes, a UCID abordou esta problemática no parlamento e consideramos ser necessário repensar a política de financiamento para o sector industrial, que inclui, agricultura, a pesca, a pecuária e a aquacultura”, notou José Graça.

Ao falar dos sectores agrícola e pecuário, este dirigente da UCID entende que o país precisa de “um Ministério de Agricultura mais atento e mais interessado” em apoiar os agricultores no controlo fitossanitário, no combate às pragas que, todos os anos, atacam as culturas “pondo em causa os investimentos feitos” pelos produtores.

A seu ver, o Governo tem sido “omisso” quando se trata de “respostas para lidar com as várias pragas que atacam os cultivos” em Santo Antão e no país, em geral.

“É inadmissível que, por exemplo, a ilha de Santo Antão esteja sob um embargo da praga dos mil pés há já 40 anos. Entra governo, sai governo e ninguém faz absolutamente nada para alterar a situação”, sublinhou o vice-presidente da UCID.

José Graça falou ainda do “atraso” na deslocalização do centro de expurgo de Santo Antão para a zona portuária no Porto Novo, lembrando que, em Julho 2022, o Ministério da Agricultura e Ambiente e a Enapor (Portos de Cabo Verde) assinaram um protocolo para viabilizar a construção do novo centro de inspecção de produtos agrícolas nas instalações portuárias.

“Perguntamos para quando estão previstos o início e a conclusão da mesma e que destino será dado ao actual centro de expurgo, que custou ao erário público mais de 120 mil contos”, avançou este responsável.

O dirigente da UCID perguntou ainda ao Governo “para quando” a operacionalização da bombagem de água da barragem de Canto de Cagarra, em Santo Antão “para que a água retida quando chove não venha a perder-se como tem acontecido até agora”.

O melhoramento das raças, um melhor controlo da saúde dos gados, o investimento em novas tecnologias de produção de pasto, bem como políticas e medidas que impeçam a invasão dos gados aos perímetros agrícolas, mas também medidas que ponham cobro à matança dos gados dos criadores por parte dos cães vadios são outras preocupações da UCID.

Cabo Verde, segundo José Graça, precisa “fazer uma aposta séria na agricultura e na pecuária”, tornando “possível uma maior disponibilidade de produtos alimentares” e “garantir a segurança alimentar do país”.

A seu ver, estes dois sectores podem “empregar muitas pessoas” e contribuir para a redução do desemprego e o aumento do rendimento das famílias, considerando ainda que a agricultura e a pecuária podem “oferecer oportunidades para a criação de pequenas empresas, como cooperativas agrícolas e empresas de transformação”.

“Estes sectores, se explorados convenientemente, têm potencial para gerar riquezas suficientes impedir o despovoamento das zonas rurais, com a consequente pressão nas zonas urbanas”, disse ainda.

A UCID acredita que as políticas do Governo para a agricultura e pecuária “não têm tido o impacto desejado”, mostrando-se, adiantou a mesma fonte, “necessária uma maior valorização e investimento do sector primário”, sobretudo na agricultura e na pecuária.

Por outro lado, o Governo, conforme a UCID, tem anunciado, sem resultados práticos, “vários projectos” de dessalinização para aumentar a disponibilidade de água para a agricultura em ilhas e localidades com potencial agrícola e cuja produção é condicionada pela falta desse bem essencial. A Semana com Lusa