Segundo a Inforpress, a informação foi avançada na página do Facebook da câmara de São Vicente, responsável por organizar o festival da Baía das Gatas, que destaca Bana como “o maior intérprete da morna e da coladeira”, géneros a que se dedicou na sua carreira de mais de 50 anos”.
Para a actuação no Festival já estão confirmados os artistas cabo-verdianos Zé Delgado, MC Acondize, Youran Beatz e Ary Beatz, Nelson Freitas, Dynamo, a cantora cabo-verdiana Josslyn, o rapper brasileiro Xamã, o reggae-man ítalo-jamaicano Alborosie, a brasileira Paula Fernandes, os cabo-verdianos Dino d’Santiago e Ceuzany , o rapper português Plutónio e ainda cantor de reggae jamaicano Protoje.
O Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, que este ano celebra a 39ª edição, teve a primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984.
Lembra a mesma fonte que mesmo é realizado anualmente na praia da Baía das Gatas, a oito quilómetros da cidade do Mindelo e não se realizou ali apenas em 1995, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde, e nos anos 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, em que se concretizou o evento no formato online.
Anualmente, a Câmara Municipal de São Vicente reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachê de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro, mas “o grosso do montante” para suportar o evento, de acordo com a autarquia, provém de patrocínios de empresas e outras instituições.
Bana, o "Rei da Morna"
O cantor cabo-verdiano Bana, vai ser homenagedo este este ano com o Festival da Baia. Conhecido como o "Rei da Morna", ele faleceu na madrugada de 13 de julho de 2013, no Hospital de Loures, em Portugal, vítima de doença prolongada.
Segundo descreveu a Lusa, Bana, de nome completo Adriano Gonçalves, 81 anos, foi um dos nomes que mais ajudou a projetar a música de Cabo Verde no mundo, desempenhando um papel fundamental como agente da cultura do arquipélago.
Bana nasceu em 11 de março de 1932, no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde. Gravou mais de meia centena de discos, ao longo da sua carreira, iniciada em 1942, com apenas dez anos, nas ruas e cafés da cidade que o viu nascer.
Conhecido mundialmente, o cantor cabo-verdiano gravou mais de meia centena de LP e EP ao longo da sua carreira, iniciada em 1942 no Mindelo, cidade onde nasceu a 11 de março de 1932, dez anos antes da sua conterrânea Cesária Évora, falecida a 17 de dezembro de 2011, tendo sido apadrinhado por B.Leza, um dos maiores músicos, poetas e compositores de Cabo Verde.
Alto (quase dois metros) e bonacheirão, de sorriso fácil e atento, embora alguns lembrem que quando se irritava se tornava insuportável, Bana, prossegue a Lusa, deixa um legado extra carreira, pois foi graças ao "Rei da Morna" que muitas das atuais "estrelas" da música cabo-verdiana começaram a brilhar.
Conforme a fonte referida, foi Bana quem ajudou, por exemplo, Celina Pereira, Paulino Vieira, Tito Paris, Leonel Almeida, Titina, Zizi Vaz, entre muitos outros, abrindo caminho a que a décima ilha, a da diáspora, pudesse ser iluminada com tanta estrela.
Em maio de 2008, a saúde pregou-lhe uma partida, quando sofreu um acidente vascular cerebral. Foram meses duros, mas que não o impediram de, depois, voltar a pegar no violão, pouco usual, e a cantar.
Companheiro de todos os "históricos" da música cabo-verdiana, Bana foi embalado pelos instrumentos tocados por Manuel d’Novas, Luís Morais, Morgadinho, entre muitos outros de todas as gerações.
Em 2012, foi distinguido com o Prémio Carreira, pelo Cabo Verde Music Awards, sucedendo a Cesária Évora, a "Rainha da Morna".
Recorda a Lusa que Bana foi alvo de inúmeras homenagens e uma das mais comoventes aconteceu em junho de 1992, quando viu encher a sala da Aula Magna, em Lisboa, para celebrar 50 anos de carreira na presença de todas as gerações.
Luís Morais, Manuel d’Novas, Celina Pereira, Ildo Lobo, Morgadinho, Manel de Ti Djena, Ana Firmino, Zizi Vaz, Fernanda Queijas, Maria Alice, Titina, Leonel Almeida, Paulino Vieira, Tói Vieira, Armando Tito, Djon, Tito Paris, Vaiss, Nabias, Quim e Nando, todos nomes sonantes, estiveram lá a tocar para o "Rei da Morna".
"Bana: Uma Vida a Cantar Cabo Verde" conta a sua vida num livro biográfico, escrito pela jurista portuguesa Raquel Ochôa, lançado em 2008 em Lisboa.
Antes de chegar a Portugal, o que só aconteceu em 1969, Bana passou pelo Senegal, Holanda, França e por muitos palcos do mundo, onde foi gravando discos uns atrás dos outros, a solo ou com os "Voz de Cabo Verde".
A "estreia" em Portugal, que aconteceu na inauguração da Casa de Cabo Verde em Lisboa, dá-se pela insistência de vários elementos da Tuna Académica de Coimbra, que tentava levá-lo à então Metrópole em 1959. Entre eles figuravam Manuel Alegre e Fernando Assis Pacheco, conclui a Lusa