Repete-se o cenário do ano anterior. Filas nas livrarias, pais e filhos à procura de materiais e muita movimentação na cidade do Mindelo, assim se caracterizam estes dias que antecedem a abertura do ano lectivo, em que a falta de manuais dos diversos ciclos escolares já se tornou uma constante.
Uma situação confirmada à Inforpress pelo gerente da Livraria Terra Nova, Jorge Duarte, que disse ainda não ter “nem um terço dos manuais” solicitados ao Ministério de Educação desde o dia 04, a partir da lista facultada por esta instituição.
“Tinham dito que este ano seria diferente, mas continua tudo igual e nós temos que estar sempre a dar alguma desculpa aos pais, e existem até uns que nem entendem”, considerou este responsável, aborrecido com esta situação, que, como disse, não depende das livrarias.
“Se dependesse de nós não seria problema, porque aqui na Terra Nova desde mês de Julho que temos todos os outros materiais escolares”, assegurou a mesma fonte, acrescentando que da pequena quantidade que foi enviada no princípio do mês já está “quase esgotada”.
Segundo a mesma fonte, Jorge Duarte pediu que a disponibilização dos livros seja realizada “com antecedência” para evitar “muitos e muitos constrangimentos” às livrarias, no Mindelo.
Até porque, a informação que tiveram, segundo a mesma fonte, é que havia um barco para transportar os livros escolares a São Vicente, mas o contentor por ser “muito pesado” acabou por ficar em terra.
A gerente da Livraria Pax, Alice Rodrigues, por seu lado, também disse que os primeiros manuais estão “praticamente esgotados”, restando “só alguns” do sétimo e oitavo anos.
Isto, porque, ajuntou, fizeram igualmente uma primeira requisição de que somente uma parte foi enviada e estão com uma segunda solicitação da qual aguardam resposta.
“Fizemos há uns dias atrás aos responsáveis da Ficase na cidade da Praia, mas ainda não temos qualquer feedback”, asseverou.
Mas, os mais agastados com esta indisponibilidade de livros são, prossegue a reportagem da Inforpress, os pais, como a Dóris Gomes, que disse estar por estes dias a percorrer as livrarias para comprar manuais para os filhos e sobrinhos de classes como primeira, terceira e sétimo ano, respectivamente, mas só os têm conseguido a “conta gotas”.
“Todo ano é a mesma coisa, quando se quer comprar com antecedência corre-se o risco que decidem mudar os manuais, quando não mudam, temos que correr de um lado para o outro e quase sempre nem achamos”, criticou esta mãe, para quem é “muito complicado” iniciar o ano lectivo deste jeito.
Arlindo Fortes, também estava à procura de livros para os filhos que vão estudar terceiro e décimo, respectivamente, mas não encontrou nenhum.
“Assim é difícil, todos os anos iniciar as aulas sem manual é complicado, porque também temos os nossos empregos e afazeres e não temos tempo para estar sempre à procura se encontramos ou não”, declarou.
ME considera que não ha motivos para alarmes
Entretanto, a delegada de Educação em São Vicente, Maria Helena Andrade, garantiu que “não há motivos para alarmes”, tendo em conta que ainda se vai a tempo, e que no Mindelo já estão disponíveis 26 dos 40 manuais.
“Há que entender que o Ministério de Educação tem feito de tudo para que os manuais cheguem a tempo, mas não depende só de nós. Temos questões logísticas que fogem ao nosso controlo”, lançou esta responsável, referindo a “imprevistos” como os transportes marítimos.
Ainda assim, Maria Helena Andrade garantiu existir livro no mercado e apontou o exemplo do 5º ano com todos os manuais disponíveis e remeteu a princípios de Outubro para estar a “situação normalizada”, refere a Inforpress.