O deputado, acompanhado da colega Josina Freitas, falava à imprensa, na manhã de hoje, à saída de um encontro que mantiveram como presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, a quem manifestaram, como disse, o desejo de colaborar, já que o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) é “contra qualquer possibilidade de eleições antecipadas” na câmara, e defende “o cumprimento de mandatos”.
A visita decorreu na sequência do clima de instabilidade reinante na autarquia mindelense, que, desde o início do ano, não realizou uma única reunião camarária.
O parlamentar reconheceu que neste momento um dos “maiores inconvenientes” tem sido as relações políticas na câmara, que afectam o funcionamento da autarquia, sendo certo, admitiu, que os eleitores votaram numa câmara tripartida e que cabe aos partidos votados entenderem-se no sentido de “um governo saudável” na ilha.
“São Vicente não pode perder com instabilidades e o PAICV está aqui mais uma vez para trazer a sua voz nesta matéria, a favor do entendimento e do funcionamento da câmara em pleno, pelo que da nossa parte faremos de tudo para que as coisas se resolvam o mais rapidamente possível”, concretizou João do Carmo.
“O presidente tem de colaborar e saímos deste encontro com espírito de tranquilidade das palavras que recebemos dele”, prosseguiu a mesma fonte, que indicou que Augusto Neves mostrou “abertura e tudo fazer” para cumprir o mandado e para um entendimento entre as partes.
O PAICV vai colaborar neste sentido, sintetizou João do Carmo, pois o partido tem “a consciência clara” do mandato que o povo lhe deu, de dividir a camara em quatro anos, “somos a favor do cumprimento do mandato em pleno e vamos criar todas as condições para a câmara funcionar”, indicou.
O presidente da câmara de São Vicente, Augusto Neves, por seu lado, manifestou “abertura” para ultrapassar a situação reinante no campo político, que se vive desde o início do mandato, embora, salientou, no campo administrativo a câmara esteja a funcionar na normalidade, com orçamento aprovado, mas que a “imagem política é negativa”, assumiu.
“Temos que ter capacidade de diálogo e encontrar consensos para poder ultrapassar tudo e ter uma câmara a funcionar na normalidade”, continuou o autarca, que disse esperar uma “participação forte” dos partidos nesta matéria, mas também o “consenso e pensar mais São Vicente”.
“Estou sempre aberto à discussão, esta não é a primeira câmara com maioria relativa que estou a gerir, já é nosso hábito, deve é haver abertura para ouvir, discutir e pensar mais São Vicente e podermos avançar porque a ilha espera e tem muito projectos (…)”, concretizou Augusto Neves.
“Queremos ultrapassar essa situação e julgo que o desejo é de todos, pelo que nas próximas semanas espero que tenhamos a situação ultrapassada”, sintetizou, pois, “ninguém está interessado” em eleições antecipadas”.
Augusto Neves, candidato do Movimento para a Democracia (MpD), foi reeleito presidente da Câmara Municipal de São Vicente no dia 25 de Outubro de 2020, com 11.126 dos votos expressos, mas não conseguiu manter a maioria absoluta que trazia do mandato anterior.
Porém, o resultado dessas eleições ditou uma câmara pluralista, sendo que o MpD elegeu quatro vereadores para o executivo camarário, a UCID três e o PAICV dois, totalizando os nove autarcas possíveis de serem eleitos no município, tal como indica o Estatuto dos Municípios.
Para a Assembleia Municipal, o MpD elegeu nove eleitos municipais, a UCID, sete, o PAICV, quatro, e o Movimento Más Soncent, um eleito municipal.
A sessão solene da instalação dos órgãos municipais (câmara e assembleia) arrancou no dia 17 de Novembro de 2020, mas prolongou-se pelo dia seguinte, por causa de desentendimentos dos três partidos sobre quem deveria ser eleito presidente da Assembleia Municipal.
O clima de desentendimento também se manteve na distribuição dos pelouros e delegação de competências aos vereadores. A Semana com Inforpress