A líder da Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV), em São Vicente, falava à imprensa a propósito de uma roda de conversa organizada pela instituição para assinalar o Dia Internacional da Mulher e os 40 anos da fundação da OMCV.
Segundo Fátima Balbina, a “descrença” das mulheres no 8 de Março é porque “tudo continua igual” e elas continuaram com “as mesmas dificuldades que tinham há 40, 50 ou 100 anos”.
“Como se pode dizer que acredito que há um dia dedicado à minha luta, se se chama atenção apenas nos dias 8 ou 27 de Março, mas nos outros dias estou abandonada no meu local, sem conseguir atingir o objectivo da minha vida”, questionou Fátima Balbina.
Segundo escreve a Inforpress, para a presidente da OMCV, é preciso ir às comunidades e sentar-se com as mulheres para saber o que é possível fazer para mudar-lhes a vida.
Isto, segundo a mesma fonte, passa por saber como é constituída as suas famílias, a forma como vivem, se têm habitação condigna, alimento para todos e direito a ter uma “voz e vez”.
“Muitas vezes, nós, as organizações e instituições, falamos em nome das mulheres e não as deixamos falar sobre a sua dor para saber como se pode chegar até elas e ajudá-las a integrar-se para que possam sentir que vale a pena comemorar o dia das mulheres”, continuou a mesma fonte, para quem há que reflectir se o dia 8 de Março tem cumprido os objectivos para que foi criado e o que é que se pode fazer mais com mulheres de todos os estratos sociais.
Segundo explica a Inforpres, com o tema “OMCV, 40 anos promovendo o empoderamento da mulher e a igualdade do género em Cabo Verde”, a conversa tem o objectivo de recolher subsídios, entre as fundadoras da instituição e mulheres mais jovens, sobre a causa das mulheres e enviar a entidades competentes, em jeito de recomendações.
Por sua vez, Maria das Dores Silveira, uma das fundadoras da OMCV, Combatente da Liberdade da Pátria e participante da conversa, defendeu que “muita coisa mudou” a nível de oportunidades para as mulheres.
Conforme a mesma fonte, a fundadora da OMCV também disse que tem esperanças de que as mulheres consigam “mudar o tipo de Assembleia Nacional” que existe em Cabo Verde e que “está a passar” uma mensagem de “agressividade extremamente horrível para a sociedade”.
“As mulheres devem realmente ter quotas nesse momento em que é preciso estar lá presente. Mas é preciso fazer um trabalho diferente para que outras possam participar”, sustentou Maria das Dores Silveira, para quem o 8 de Março deve ser comemorado por toda a sociedade, porque, sintetizou, “a partir do momento em que uma mulher se evolui ela traz benefício para todos”.