Ulisses Correia e Silva mostrou tal posicionamento ao ser confrontado esta quinta feira pelos jornalistas, no Mindelo, com o anúncio dos sindicatos de chamar os trabalhadores para uma manifestação no dia 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, contra o “aumento exagerado dos preços e situação laboral”.
O chefe do Executivo disse ser “normal”, uma vez que “manifestações fazem parte de um Estado democrático e as pessoas, instituições têm todo o direito de se manifestarem, desde que o façam dentro do cumprimento das normas, das leis, com civismo, com tranquilidade”.
“Não há nada a apontar relativamente a aquilo que é vontade das associações ou dos sindicatos de se manifestarem”, considerou Ulisses Correia e Silva.
A decisão da manifestação foi tomada após uma assembleia-geral com dirigentes e delegados sindicais e, segundo o rrepresentante Tomás de Aquino, esta serve para chamar a atenção do Governo no sentido de assumir a sua responsabilidade em relação à situação socioeconómica e laboral dos trabalhadores no País e às dificuldades vividas pelas famílias.
Por outro lado, segundo a mesma fonte, o protesto servirá para fazer uma reflexão a fim de “resgatar o objectivo do 1º de Maio, que não é um dia de festas, mas, sim, um dia de luta”.
“Neste momento, os trabalhadores cabo-verdianos estão a passar por um sufoco em relação à capacidade de compra para o sustento, há pessoas a passar por dificuldades por causa do aumento exagerado dos preços, consequentemente, uma inflação exagerada”, explicou, referindo que em relação a 2022 a taxa de inflação foi superior a 8,0 por cento (%), mas, já o primeiro trimestre deste ano de 2023 alcançou a taxa de 7,8 %.
Ademais, reforçou, os trabalhadores não tiveram aumento desde 2011, com excepção da actualização de 2019, de 2,2 %, “que foi para um pequeno grupo de trabalhadores da administração pública”.
Além de manifestar contra as dificuldades que os trabalhadores e as famílias estão a passar, Tomás de Aquino avançou que os sindicatos querem que os trabalhadores saiam às ruas para reagir contra a revisão do Código Laboral, cuja intenção é “reduzir ainda mais os direitos e as garantias que conquistaram ao longo dos anos”.