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"Desapareceu" — Flora encontrada viva 42 anos depois de fugir ao ’marido violento’ 17 Fevereiro 2023

O marido Robert Stevens deu o alerta uma hora depois de ter deixado Florence no consultório em Monticello, a sua cidade a uns 100 km da ’Grande Maçã". Nesse agosto de 1975, o desaparecimento da mulher de 36 anos mobilizou a polícia de Sullivan e do Estado de New York. Em vão: Flora não foi encontrada. Em 1985, quando o marido morreu, o caso foi arquivado. Um "Cold Case", sem solução — até que uma descoberta de ossadas fez reabrir o ficheiro Flora Stevens 42 anos depois.

"Não é frequente conseguirmos resolver um caso de desaparecimento 42 anos depois", disse o chefe da polícia do condado de Sullivan que reabriu o ficheiro Flora Stevens, em 2017.

A polícia dum outro condado de New York, a investigar um outro desaparecimento, encontrou restos mortais que não pôde identificar e alertou o condado de Sullivan, dada a semelhança com o caso Flora Stevens.

Ao vasculhar os bancos de dados locais e nacionais, fez-se então a descoberta impressionante de que alguém ao norte de Boston, a 400 quilómetros do condado de Sullivan estava a usar o número de previdência social de Flora Stevens.

O detetive relatou à CBS o que se seguiu. Ao telefone foi informado que a conta pertencia a Flora, com o mesmo nome e número de previdência social, mesma data de nascimento, residente no lar de idosos desde 2001. Porém, os apelidos eram diferentes: Harris, não Stevens.

Os dois investigadores deslocaram-se a Boston, a 400 quilómetros. Levaram a única foto de Flora Stevens que tinham encontrado no banco de dados, da carteira de trabalho no resort de Catskills.

Flora segurou a foto e apontou para si: "Eu". Mostraram-lhe uma foto do marido e ela respondeu: "Robert".

"Não disse mais nada", narrou o detetive Morgan à CBS-Boston. A quase octogenária estava num avançado estádio de demência. O seu cuidador por mais de uma década, Festus Mbuva, contou o pouco que tinha conseguido obter dela.

Acho que ela nunca quis ser encontrada

Festus Mbuva, funcionário do lar até fins de 2016, contou aos investigadores que Flora tinha uma expressão favorita com que respondia a quem queria saber da sua vida: "Não é nada contigo!".

"Para ser sincero, acho que ela nunca quis ser encontrada. Era possível perceber que algo tinha acontecido no passado dela. Percebi qie tinha tido um casamento terrível e um marido que lhe batia. Algo que ela não queria lembrar", disse Festus Mbuva.

Mas através de mais de uma década Mbuva conseguiu perceber que ela tinha frequentado a escola nos Yonkers e trabalhado como cabeleireira nos anos de 1960. Depois, ela e Robert trabalharam juntos no resort Concord em Catskills que funcionou até 1988. Flora, segundo Mbuva, até esteve no festival de Woodstock de 1969, que teve lugar perto do resort onde ela trabalhava.


Buraco entre 1975 e 2017

Registos médicos consultados após a visita ao Lar de Lowell mostraram aos investigadores que Flora Harris tinha estado hospitalizada no New Hampshire Hospital e no Roosevelt Hospital da cidade de Nova Iorque. Por pouco tempo, e logo após desaparecer.

Estatísticas

No país das estatísticas, as duas fotos à esquerda ilustram uma das motivações para a fuga de 100 mil americanas por ano: a violência doméstica.

No Brasil, as estatísticas dão conta de 200 desaparecidos por dia. Um número que estará aquém da realidade.

Entre nós, cinco anos decorridos, quatro de cinco casos de desaparecimento, ocorridos na cidade da Praia entre fins de 2017 e agosto de 2018, continuam sem solução. Recorde-se: em 2018, 03 de fevereiro, Clarisse Mendes (Nina) e Sandro Mendes (Filú), de nove e onze anos desapareceram de dia quando saíram de casa da avó em Achada Limpo, na periferia da capital, para ir a um bairro próximo, o Castelão-Coqueiro. Uma jovem mãe Edine Jandira e o seu bebé de dois meses desapareceram, no trajeto entre a casa e o Centro de Saúde na Fazenda, em fins de agosto de 2018. Meses antes, em fins de 2017 no bairro de Eugénio Lima, Edvânea Gonçalves, de dez anos, saiu "para fazer um mandado" em casa da vizinha, a pouco mais de 100 metros de casa, e não voltou. A 13 julho de 2018, a Polícia Judiciária "dava ao país a triste notícia de que as ossadas encontradas em janeiro, na localidade de Ponta Bicuda, Praia, pertenciam à criança de Eugénio Lima". A partir daí, é o silêncio. Em fins de novembro de 2020, a PGR pronunciava-se sobre o facto de que não há informações. Mas parecem pouco convincentes as justificações dadas de que a bem do processo não podiam avançar mais nada. Ensurdecedor o silêncio, latente reina o sentimento de que algo está podre sempre que o mistério fica por esclarecer e o crime fica sem castigo. (3.mai.021)

Fontes: BBC/Boston Globe/NY Times... Fotos: Flora segurou a foto e apontou para si: ’Eu’. Os dois detetives do caso (ladeando-a na foto) mostraram-lhe uma foto do marido e ela respondeu: ’Robert’. "Não disse mais nada", narrou o detetive Morgan à CBS-Boston. À esqª, fotos que ilustram uma das motivações para a fuga de 100 mil americanas por ano: a violência doméstica.

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