Em nota divulgada hoje, o Sindprof refere que nos últimos dias teve contacto, através do “trabalho sindical”, com as pautas dos alunos do primeiro ciclo do ensino básico e que constatou “que existem, nalgumas escolas, muitas negativas, sobretudo dos alunos já repetentes”.
“Isto é deveras preocupante e mostra aquilo que tem sido a nossa posição na matéria da passagem automática dos alunos do 1.º ao 4.º ano”, lê-se.
Na mesma nota, que antecede o regresso às aulas, hoje, após o período de férias de Natal, o sindicato defende que a “passagem automática só faz sentido do 1.º ano ao 2.º ano, já que no 1.º ano ainda as crianças se encontram numa fase de adaptação e de aprendizagem da escrita, bem como do ambiente escolar” e que fora esse cenário “as passagens automáticas só trouxeram mais reprovações, o que acaba por enfraquecer a qualidade do ensino”.
“A introdução da passagem automática foi uma decisão introduzida pelo ME [Ministério da Educação] sem auscultar os professores que andam nas salas de aula. O Ministério da Educação, por meio da Direção Nacional da Educação, precisa passar a ouvir os professores antes de serem tomadas certas decisões no que tange ao sistema de ensino”, refere-se na comunicação do sindicato.
“Se perguntarmos a todos os professores que lecionam no primeiro ciclo do ensino básico, todos dirão que são contra a passagem automática e que tal trouxe mais desvantagens que vantagens. Isto porque o aluno pode não estudar e transita de ano sem problemas, até o 4.º ano. Mas como no 4.º ano é submetido aos exames, o mesmo não está minimamente preparado para realizar tais exames”, acrescenta-se.
Aproximadamente 131 mil crianças, adolescentes e jovens cabo-verdianos regressaram às aulas em Cabo Verde em setembro passado, nos diversos níveis de ensino, em 19 de setembro, praticamente sem restrições devido à pandemia de covid-19, como nos anos anteriores.
O Sindprof defende que “é urgente arrepiar caminho e acabar com as passagens automáticas, para o bem da qualidade da educação”, apelando à Direção Nacional de Educação “a uma reflexão profunda” sobre o assunto.
A Semana com Lusa