A organização avança estes dados num documento sobre as "consequências devastadoras" da sobrepesca, ou pesca predatória, especificamente para a população da Gâmbia, país da África Ocidental onde esta atividade é parte importante da economia.
A sobrepesca, ligada às atividades das fábricas de farinha de peixe e óleo de peixe, e os arrastões industriais estrangeiros "prejudicam os direitos socioeconómicos e ambientais dos residentes, ao mesmo tempo que os privam de uma fonte essencial de proteína", refere um relatório da organização.
Na Gâmbia, diz o documento, muito peixe capturado é usado para alimentar outros peixes e animais de criação no exterior.
"As más práticas de alguns intervenientes no setor das pescas estão a prejudicar o ambiente e a minar os meios de subsistência da população local", afirmou Samira Daoud, diretora regional da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central.
Apelou ao Governo da Gâmbia e às partes interessadas internacionais para que garantam o cumprimento dos regulamentos nacionais e internacionais em matéria de pesca.
"É crucial que a população local possa continuar a pescar utilizando métodos sustentáveis", frisou a Amnistia, apontando que as empresas do setor pesqueiro devem ser responsabilizadas pelos danos causados.
O estudo da Amnistia Internacional foi realizado entre junho de 2021 e abril de 2022 em Banjul, capital da Gâmbia, e na região costeira de Sanyang, uma área turística e um ponto crucial da pesca onde está localizada uma grande fábrica de farinha e óleo de peixe.
O relatório inclui testemunhos de pescadores, comerciantes e proprietários de restaurantes que trabalham em Sanyang, uma localidade particularmente afetada pela sobrepesca.
Em Sayang, "a população local é privada do seu direito a um nível de vida decente e dos seus direitos à saúde e à alimentação", disse Daoud. A Semana com Lusa