De acordo com Alice Pinto, técnica do Instituto Nacional de Estatística (INE) e responsável pelo IMC e pelas estatísticas do mercado de trabalho, essa nova metodologia, que implementa a Resolução I de 2013 da Organização Internacional e Trabalho (OIT), trouxe algumas alterações nomeadamente a nível da recolha dos dados e medição dos indicadores.
Assim, o inquérito passou a medir apenas o emprego, ou seja, o trabalho remunerado para a determinação dos indicadores do mercado de trabalho, deixando de parte o trabalho para consumo próprio e os estágios não remunerados que eram considerados na metodologia anterior.
“Por exemplo, na metodologia antiga levava-se em conta três tipos de trabalho, que são o trabalho remunerado, o trabalho para o próprio consumo e estágio não remunerado”, explicou Alice Pinto em conversa com os jornalistas à margem do ateliê de reforço de capacidades em matéria de estatísticas e análise do mercado do trabalho, promovido pela OIT em Cabo Verde.
Conforme acrescentou, com esta nova metodologia, utilizada no IMC de 2022, passou-se a levar em conta cinco tipos de trabalho, que são trabalho remunerado, estágio sem remuneração, trabalho para o próprio consumo, trabalho voluntário e outras formas de trabalho.
“Contudo, para os cálculos dos indicadores do mercado de trabalho foram recolhidos dados sobre o emprego, que é trabalho remunerado. Essa remuneração pode ser tanto em dinheiro como em benefícios”, sustentou.
Assim, a taxa de desemprego fixou-se em 12,1% em 2022. À luz da metodologia antiga a taxa de desemprego situava-se em 9,5%, inferior em cinco pontos percentuais (p.p.) aos dados do IMC de 2022, que foi de 14,5%.
“A taxa de desemprego é superior à da metodologia antiga, devido às causas que já tinha explicado e que estão relacionados com os tipos de trabalho que agora já não estamos a considerar nesta nova metodologia, nomeadamente o trabalho para o próprio consumo e estágios não remunerados. Por exemplo, uma pessoa que faz o cultivo para o seu próprio consumo, já não recolhemos esta informação. Só levamos em conta se esse cultivo for dirrecionado para o mercado”, exemplificou.
Alice Pinto chama, entretanto, atenção para a incomparabilidade dos dados face à taxa do desemprego referente ao ano de 2021, já que foram dados retirados do Censo 2021 em que a população é diferente.
De acordo com os resultados do IMC 2022, e em concordância com a Resolução I da 19ª CIST de 2013, a população economicamente activa foi estimada em 202.435 indivíduos, com a taxa de actividade a fixar-se em 57,4%.
A população empregada/ocupada no ano de 2022 totalizou 178.016 indivíduos, representando uma taxa de emprego/ocupação de 50,5%.
A população desempregada foi estimada em 24. 420 indivíduos que não trabalharam pelo menos uma hora na semana de referência, mas que procuraram emprego nas últimas quatro semanas anteriores ao momento da entrevista e estavam disponíveis para trabalhar, caso encontrassem um trabalho.
A taxa de desemprego nos jovens de 15-24 anos foi de 27,3%, enquanto que na faixa etária de 25-34 anos estimou-se uma taxa de 13,8%. Entre o grupo etário de 15-35 anos, a taxa de desemprego é de 17,2% e
A população subempregada foi estimada em 22.449 e a taxa de subemprego em 12,6% e os jovens que estão sem emprego e fora do sistema de ensino (jovens NEET) foi de 51.654 representando uma taxa de 29,2%.
A Semana com Inforpress