Teresa Mascarenhas fez essa afirmação em declarações à Inforpress no âmbito do Dia Mundial da Paralisia Cerebral que se comemora a 06 de Outubro, sob o lema “Estou aqui” e através de uma conversa aberta a ter lugar na sede da Acarinhar, na Cidadela (Praia).
“É uma área em que os desafios são constantes, pois exige muitas respostas e recursos, que nem sempre conseguimos, para dar respostas eficientes às crianças e adolescentes com paralisia cerebral”, disse.
A presidente da Acarinhar, que considera a educação como um dos desafios mais impactantes na vida das pessoas com paralisia cerebral, ressaltou ainda que as condições das escolas assim como a preparação dos professores ainda não estão “reunidas para receber crianças com este tipo de problema”.
Refere que os casos menos complexos podem ir à escola, cumprindo a implementação da inclusão que se tem propalado a sete ventos, mas os casos complexos exigem outras especificidades que podem ser desempenhadas por um centro de acolhimento com respostas na área pedagógica.
“Temos de ser real, pois, quando falamos que a inclusão exige que todas as crianças devem estar juntas, precisamos ser conscientes de que nem todas as deficiências permitem isso. Com as condições existentes nas escolas somos de opinião que não vale a pena”, explica, defendendo a criação de condições para que os centros especializados possam acolher pessoas com paralisia cerebral.
Ainda segundo Teresa Mascarenhas, no centro de acolhimento às pessoas com paralisia cerebral podem encontrar múltiplas respostas a nível de reabilitação, habilitação, preparação para a vida quotidiana, competência de vida diária, coisas que no seu entender não encontram nas escolas.
A Inclusão, defendeu a nossa fonte, é um processo “complexo que leva o seu tempo”, mas que o País necessita avançar para outros patamares para que as pessoas com deficiência não vejam violados os seus direitos explanados na Constituição da República e nas convenções rubricadas.
Apesar disso, louvou o que vem sendo feito a nível da saúde, considerando-a a melhor área em termos de resposta face à educação e apontou desafios na área da reabilitação e habilitação, e na área social.
O sector social, segundo disse, está longe de conseguir ajudar as famílias quanto à obtenção de uma habitação condigna, alimentação e qualidade de vida.
“A maior parte das pessoas com paralisia cerebral são famílias pobres e mães solteiras que não possuem um salário digno para cobrir despesas com fraldas, cadeiras de rodas adequadas, casas adaptadas à realidade e necessidades de cada um”, sublinhou.
Cabo Verde, de acordo com Teresa Mascarenhas, conta com cerca de três mil pessoas com paralisia cerebral, dados que afirmou ser uma estimativa da associação e não do INE já que esta instituição não possui registo estatístico sobre estes tipos de deficiência.
Para marcar a data, a Acarinhar vai manter hoje, uma conversa aberta com as famílias das pessoas com paralisia cerebral a quem vai apresentar os trabalhos realizados até então, sonhos, objectivos e desafios existentes.
O acto, a ser presidido pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, vai contar com um conjunto de actividades como um “djunta-mon” dos amigos pintores da associação para a pintura de um mural de inclusão e exposição dos trabalhos da associação.
Em jeito de conclusão, Teresa Mascarenhas apelou à população cabo-verdiana e às instituições a darem respostas às pessoas com paralisia cerebral.
O Dia Mundial da Paralisia Cerebral assinala-se a 06 de Outubro e tem como objectivo informar sobre a doença, chamar a atenção para a situação das pessoas com paralisia cerebral que são esquecidas pela sociedade, e permitir que estas pessoas maximizem as suas potencialidades.
A participação e condição da pessoa com paralisia cerebral está dependente das oportunidades que o meio oferece, sendo este um factor fulcral para a qualidade de vida.
A Semana com Inforpress