Ulisses Correia e Silva, que falava na VIII edição do Fórum de Energia Sustentável da CEDEAO, que decorre na Assembleia Nacional, destacou este evento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) como uma iniciativa que reflecte o compromisso da região e dos estados membros no desenvolvimento sustentável.
O chefe do Governo cabo-verdiano reafirmou que a semana de transição energética simboliza a demonstração em como juntos todos os Estados integrados podem acelerar a promoção de energias limpas, seguras e acessíveis.
Sublinhado a importância do evento, que pela primeira vez se realiza em Cabo Verde, como uma plataforma privilegiada para representantes governamentais, do sector privado, organizações internacionais, universidade e sociedades, disse que permite às partes debater e partilhar os conhecimentos sobre desafios energéticos, o que, para o Ulisses Correia e Silva, é vista como uma oportunidade para influenciar o panorama do sector energético na África Ocidental, suportados por uma forte vontade e liderança política.
“O facto de Cabo Verde acolher a sede da ECREE, coloca o País numa posição privilegiada para impulsionar a transição energética na nossa região”, argumentou, sustentando que “um forte compromisso com as gerações actuais e futuras”, não é uma questão de comportamental da África, Europa, Américas, Ásia ou a Oceânia, mas sim de todos”.
Considerando o impacto das mudanças climáticas como sendo real, global, sentida e vivida, Correia e Silva afiançou que a emissão de gases com efeito estufa, relacionadas com a produção e consumo de energias fósseis são a principal causa por detrás das mudanças climáticas, que ameaçam o planeta terra, ressaltando que o impacto, para além do ponto de vista ambiental e climático, é também económico.
“A forte exposição de choques externos, energéticos, derivados do aumento dos preços de combustíveis fósseis, impõe, aos países menos desenvolvidos, facturas incomportáveis. Quando aos aumentos dos preços internacionais são acompanhados da valorização do dólar tornam a situação ainda mais grave para países importadores de combustíveis”, realçou, citando como exemplo a crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia.
Correia e Silva realçou que o índice de crescimento verde no continente africano ainda é fraco e clama por uma melhoria significativa. O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para ressaltar que Cabo Verde está entre os países com melhor desempenho no índice do crescimento verde no continente, mas que o Governo está consciente de que a exposição a choques externos ainda é muito elevada.
“Em Cabo Verde a redução da dependência de combustíveis fósseis e o aumento da eficiência energética é um imperativo de natureza económica, ambiental e social, com impactos na balança de pagamentos, na redução de riscos económicos e financeiros face a choques externos, na redução de emissão de carbono e na redução da factura energética para as empresas e família”, esclareceu.
Já o presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, que enalteceu a importância da CEDEAO apostar nas energias renováveis para salvar vidas, disse que as mudanças climáticas têm um impacto devastador sobre a vida, os meios de subsistência e na economia da região, mas que a África Ocidental está sistematicamente confrontada com a falta de acesso ao financiamento climático adequado.
Nesta linha, considerou essencial e urgente a criação de um mecanismo de financiamento climático para pôr cobro às mudanças climáticas.
Este fórum visa essencialmente alavancar a inovação, colaboração e partilha de conhecimento, configurando o futuro do sector energético da África Ocidental, bem como a promoção de políticas e quadros regulamentares eficazes para orientar a transição para a energia sustentável.
Servirá ainda de oportunidade para discutir recomendações políticas que apoiem um ambiente propício à inovação energética, à concorrência no mercado e ao envolvimento do sector privado.
A Semana com Inforpress