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Tribunal autoriza depoimento de senador que acusou Bolsonaro a incitá-lo a participar em golpe 02 Fevereiro 2023

O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil autorizou hoje que a Polícia Federal recolha o depoimento do senador Marcos do Val, que acusou o ex-presidente de incitá-lo a participar de um golpe, numa investigação sobre atos antidemocráticos.

Tribunal autoriza depoimento de senador que acusou Bolsonaro a incitá-lo a participar em golpe

A decisão, tomada pelo juiz do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes, atendeu um pedido da Polícia Federal realizado hoje de manhã.

O senador Marcos do Val deverá depor na condição de testemunha numa investigação aberta para apurar os ataques ocorridos após a segunda volta das eleições presidenciais que culminaram nas invasões e vandalismo provocados por milhares de ‘bolsonaristas’ nas sedes dos três poderes em 08 de janeiro, em Brasília, a capital do país.

O caso veio a público após o senador afirmar numa transmissão ao vivo nas redes sociais na madrugada de hoje que recebeu um pedido do ex-deputado Daniel Silveira para gravar uma conversa com Moraes para tentar incriminá-lo e anular a eleição presidencial e que esta informação seria publicada pela revista Veja.

De acordo com Marcos do Val, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria participado numa reunião em que lhe foi pedido para gravar conversas e tentar comprometer Morais, que terá sido feito por Daniel Silveira e concordado com a ideia.

"Eu ficava puto [irritado] quando me chamavam de ‘bolsonarista’. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei", disse Marcos do Val numa transmissão ao vivo em que discutia com membros do Movimento Brasil Livre (MBL).

O MBL é um grupo que defende temas da extrema-direita e que atuou fortemente da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff. O grupo é composto por parlamentares e influenciadores que tentam posicionar-se como expoentes da direita contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Marcos do Val, eleito em 2018 com 863 mil votos para um mandato de oito anos até 2027, disse que irá renunciar e não deu mais nenhum detalhe nas redes sociais sobre o que teria sido essa pressão do ex-presidente para dar um golpe, mas a revista Veja adiantou a publicação das informações que sairiam na sexta-feira.

Segundo a revista brasileira, um conjunto de mensagens a que tive acesso mostrou que 21 dias antes de terminar o seu Governo o ex-presidente Jair Bolsonaro terá elaborado um plano com o apoio de um grupo restrito de aliados para tentar reverter sua derrota eleitoral.

A revista informou que o plano se baseava no ato de aliciar alguém de confiança para se aproximar do juiz do STF e presidente do TSE Alexandre de Moraes para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que pudesse ser usado como argumento para prendê-lo e invalidar a eleição.

A publicação acrescentou que a gravação, caso fosse obtida, seria usada para desencadear uma série de medidas que atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes e possibilitaria uma intervenção de Bolsonaro para se manter no poder.

Além do senador Marços do Val, o ex-deputado ‘bolsonarista’, preso na manhã de hoje por desobedecer ordens judiciais, Daniel Silveira, também terá tido conhecimento do plano.

A Veja publicou que Silveira foi quem procurou o senador e lhe contou o plano para tentar anular as eleições num encontro secreto dos dois com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

Segundo a notícia, Marcos do Val quis saber como o plano seria colocado em prática e Bolsonaro disse-lhe que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do Presidente, que daria o suporte técnico à operação de gravação fornecendo os equipamentos de espionagem necessários.

O senador teria sido escolhido pelos ‘bolsonaristas’ porque conhecia o juiz do STF há mais de uma década, mas afirmou à Veja que se assustou com o plano e contou tudo o que lhe fora proposto a Moraes depois do alegado encontro com Silveira e Bolsonaro. A Semana com Lusa

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