Vadim Shisimarin, apesar da idade, estava ao comando do veículo blindado com um total de cinco militares. Natural da Sibéria, estava no serviço militar em Moscovo quando foi destacado para a "operação na Ucrânia", eufemismo com que Putin designa esta guerra.
Em tribunal, sempre cabisbaixo Vadim declarou-se na quarta-feira culpado do assassinato do sexagenário pai de um filho de 27 anos e duas vezes avô. Mas tentou justificar-se, com a verdade ou a mentira: "Não queria, fui ameaçado por outro soldado".
A viúva, Katerina Chalipova, depôs em tribunal que ouviu os tiros que vinham do jardim. "Corri para o meu marido, ele estava já morto. Com uma bala na cabeça. Gritei, gritei tanto". O marido, explicou, estava vestido à civil e não tinha arma.
O militar russo sem encarar a viúva da vítima disse: "Reconheço a minha responsabilidade (...). Peço que me perdoem". Mas a viúva gritou: "Não tens perdão. O que é que sentiste quando mataste o meu marido? Agora arrependes-te? Deixem-no apodrecer na cadeia!".
Sem apoio da Rússia
O soldado a mais de três mil quilómetros de casa não pôde contar com a ajuda do seu país.
O Kremlin disse que não tinha informações sobre o julgamento, explicando que a falta de representação diplomática na Ucrânia limitava a sua capacidade de prestar assistência jurídica aos acusados.
O julgamento do crime ocorrido ao quinto dia da invasão russa, 28 de fevereiro, está a atrair as atenções do mundo no momento em que o TPI-Tribunal da Haia já está no terreno a investigar a denúncia de que a Rússia cometeu mais de dez mil crimes de guerra.
Fontes: Le Monde /AFP. Fotos (Captadas do You Tube): No tribunal da vila de Chupakhivka, o réu dentro duma divisória envidraçada esteve o tempo todo de cabeça baixa. Ora a ouvir o juiz, ora a viúva ou a advogada oficiosa.