A presidente do Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) avançou estas informações à imprensa, à margem da V Semana de Reflexão sobre a Violência Baseada no Género (VBG), promovida pela ACLCVBG em parceria com o ICIEG e a Presidência da República.

“Os dados oficiais da Polícia Nacional relativamente a 2022, indicam que houve um aumento de denúncias de cerca de 15,8%, o que não é necessariamente mau porque nós como instituto que prestamos apoio às vítimas, aqueles casos que nós conhecemos e que são denunciados nós conseguimos fazer o acompanhamento e conseguimos assegurar tudo aquilo que é o direito da vítima seja a assistência social, psicológica, jurídica”, declarou apontando que o município da Brava normalmente não tem muitas denúncias mas que em 2022 houve aumento.

Manifestou-se igualmente preocupada com a diminuição de casos de denúncias na ordem dos 50% em alguns concelhos do país, apontando a necessidade de se analisar o que se está a passar para que realmente seja assegurado tudo aquilo a que as vítimas têm direito.

“Alguns concelhos que teviram um decréscimo de denúncias, quase na ordem dos 50% como o Paul, Santa Catarina do Fogo e aqui na Cidade Velha quase 50% há menos denúncias, por um lado, pode ser um bom sinal, quer dizer que há menos casos, mas, por outro lado, pode significar que há um decréscimo nas instituições ou alguma dificuldade em fazer essa denúncia”,

Marisa Carvalho indicou ainda que de 2021 para 2022 houve um crescimento de cerca de 23% das denúncias, agora houve de 15,8% cerca de 330 casos a mais denunciados, reconhecendo que isto não reflecte a realidade e apelou neste sentido às vítimas para denunciarem os casos de VBG.

“A denúncia é mais do que ir à esquadra efectivamente, realizar uma queixa, fazer uma queixa formal “, lembrou, referindo que desde Março o ICIEG dispõe de uma linha verde que é gratuita e de técnicos especializados que fazem o atendimento às vítimas de VBG.

A responsável pelo ICIEG, apontou a mudança de comportamentos como principal desafio a ser ultrapassado, tendo, no entanto, se mostrado optimista que com a entrada em funcionamento do Fundo de Apoio à Vítima ainda este ano este desafio será colmatado.

Por seu turno, a primeira-dama, Débora Carvalho afirmou que este flagelo continua a ser uma das maiores ameaças à segurança e bem-estar de muitas pessoas, apontando a importância da cultura da paz como ferramenta fundamental para prevenir a VBG na sociedade cabo-verdiana.

“Devemos todos trabalhar juntos para promover essa cultura de paz em Cabo Verde, isso inclui os indivíduos, as organizações, empresas, igrejas e autoridades governamentais”, não obstante os ganhos é preciso haver uma reflexão profunda sobre esta problemática por forma a melhorar as abordagens que traduzir-se-ão em ganhos.

A Associação Cabo-verdiana de Luta Contra a Violência Baseada no Género (ACLCVBG) realizou a IV Semana de Reflexão sobre a Violência Baseada no Género (VBG), em Maio de 2022, que contou com a parceria estratégica do ICIEG e da Embaixada do Luxemburgo e com o Alto patrocínio da Presidência da República de Cabo Verde.

A IV Semana foi um momento de debates, partilha e reflexões e visou contribuir para a adesão a um comprometimento cada vez mais forte nesta causa e por um país mais igual, mais inclusivo, mais desenvolvido e mais sustentável.

A Semana com Inforpress