O líder da oposição retomou e profundou essas matérias na sua moção de orientação estratégica que apresentou, na tarde deste sábado, aos congressistas no Palacio da Assembleia Nacional, para debate e aprovação.
Caraterizando a situação socio-económica reinante no país, Rui Semedo lembrou, no seu discurso, que o Banco Mundial observou num relatório publicado em 2019, onde realçou que “entre 2001 e 2015, Cabo Verde foi o campeão mundial da redução da pobreza”. Precisou que durante este período da governação do PAICV o número de pobres absolutos foi reduzido em mais de 67%. «O Banco concluiu que isto se devia a instituições fortes, estabilidade política e economia aberta. Foi o resultado de políticas públicas que coloquem a redução da pobreza no centro da gestão do desenvolvimento investindo nas pessoas e assegurando o reforço da capacidade de todos para participar na economia», contextualizou.
Detendo-se ainda sobre a situação atual, o presidente do PAICV alertou que Cabo Verde encontra-se numa encruzilhada quanto seu futuro altamente incerto. «Hoje, Cabo Verde encontra-se numa encruzilhada e, apesar das realizações das últimas 5 décadas, o futuro é altamente incerto. Os desafios que a nossa nação enfrenta são numerosos e conhecidos de todos. Alguns são devidos ao contexto internacional em que temos pouco ou nenhum controlo. Enquanto muitos são o resultado de ações e inações e, sobretudo das más políticas e graves omissões e falhas do governo (do MpD) em exercício».
Semedo acrescentou que a pandemia, que impactou Cabo Verde quatro anos após as eleições de 2016, vem constituído uma desculpa para o governo encobrir o fracasso da sua política económica e justificar o incumprimento das promessas eleitorais feitas. «Da ação inadequada e inação do governo tem resultado a perda do poder de compra da uma parte significativa da população, a degradação do sistema da justiça, o aumento da insegurança dos cidadãos, o agravamento do endividamento do país para níveis cada vez menos sustentáveis e a degradação da qualidade da democracia», enumerou.
Para Rui Semedo, esta degradação da qualidade da democracia explica-se pelo fato do Partido no poder desde 2016, ter considerado a alternância democrática como se tivesse conquistado o poder através de uma revolução, ignorando e desvalorizando todo o trabalho do seu antecessor, indo ao cúmulo de lançar projetos importantes para o lixo, quando não adotou medidas incriminatórias e persecutórias em relação a quem lhe passou o poder, no quadro da normalidade democrática.
« Salvo melhor opinião, são manifestações nefastas de uma democracia de baixa qualidade, a que urge pôr termo, por não fazerem jus ao padrão de comportamento dos cabo-verdianos durante as campanhas eleitorais e nem à relativamente boa classificação do país nos Rankings internacionais alusivos à democracia, liberdade e transparência», alertou.
O presidente do PAICV fez questão de realçar que, apesar dos ganhos conseguidos ao longo dos anos, o nível de confiança entre as forças políticas é baixo, sendo a prova o modo como os debates se processam, não raras vezes, no Parlamento e nas Assembleias Municipais, com elevado grau de intolerância e de agressão verbal, sendo, amiúde, a principal preocupação dos interlocutores «não a troca de argumentos fundamentados sobre a matéria em discussão, mas silenciar, quando não destruir, o adversário».
Rui Semedo anunciou o que PAICV pretende fazer para reverter esta situação como alternativa à governação do país e aprofundou essas matérias na sua moção de orientação estratégica, que apresentaou, na tarde deste sábado ao Congresso para debate e aprovaçáo – contamos retomar as propostas alternativas para a governação do país nas próximas edições deste jornal.